segunda-feira, 13 de agosto de 2018

As cinco Filhas da Inveja e aprenda a identificar, superar e se proteger de pessoas invejosas


13/08 /2018

Quando o assunto é inveja, são poucos os que não precisam de ajuda.
Pode-se perceber a presença deste sentimento em todas as modalidades de relações humanas: na vida social, nas amizades, no trabalho e até nas famílias.
Este é um sentimento poderoso e lidar com ela requer um grau de inteligência emocional do qual a maior parte das pessoas está muito distante.
No artigo de hoje – mais um artigo épico! – Vamos investigar a invídia em profundidade: o que é, sua psicologia, seus “sintomas”, como superá-la e proteger-se dela.
Se você leva seu desenvolvimento pessoal a sério irá se beneficiar muito desta leitura. Aqui está o nosso roteiro de estudos:
• O que é a inveja?
• A psicologia da dor da inveja
•. As 5 filhas da inveja, segundo Santo Tomás de Aquino
•A dinâmica da inveja: as 5 filhas da inveja na prática
•. Como identificar a inveja no dia-a-dia
• A inutilidade e a vergonha da inveja
•. É inevitável sentir inveja?
•. Como superar a inveja?
O que é a inveja?
Sócrates a chamou de “a úlcera da alma” e Dante Alighieri a descreveu em sua Divina Comédia como um ser cujos olhos estavam costurados com arame.
Essas duas referências, feitas por duas das mentes mais brilhantes que a humanidade já conheceu, servem para mostrar a feiura deste sentimento.
A palavra deriva do latim – invidia –, de IN, “em”, mais VEDERE, “ver”, “olhar”. O invejoso é aquele cujo olhar não desgruda nem se distancia dos bens alheios.
Mas o que é, afinal, a invídia? Como podemos defini-la?
A definição dada pela psicologia é bastante precisa:
[A inveja é] o deslocamento da energia do potencial de determinado indivíduo para a exacerbada preocupação com a satisfação e prazer de outra pessoa, geralmente íntima do sujeito em questão.
A inveja é, então, o resultado da dificuldade de lidar e conviver com o sucesso alheio. Ela é a dor causada pelo desejo não satisfeito de ter as conquistas e vantagens que outras pessoas têm.
Para que um sentimento possa ser caracterizado como inveja, 3 condições precisam ser satisfeitas:
1.O indivíduo deve estar diante de alguém que é portador de um bem visto como superior, seja esse bem material, moral ou espiritual.
2.O indivíduo deve desejar esse bem visto como superior para si mesmo; e/ou desejar que o portador deste bem não o possuísse.
3.Esse desejo não satisfeito deve causar dor naquele que deseja.

A psicologia da dor da inveja
Para Dante Alighieri, a inveja é um ser cujos olhos estão costurados com arame (a escultura de Karen Coburn materializa a descrição de Dante).
A dor do invejoso não é tanto a dor causada por não possuir certos bens e qualidades, mas a dor de enxergar-se como indigno daqueles bens.
O invejoso frequentemente vê a si mesmo como alguém incapaz de conquistar bens semelhantes aos bens do invejado.
Essa percepção de si mesmo pode levar o invejoso a:
Tentar destruir a reputação daquele a quem inveja.
Tentar destruir ou rebaixar os bens cobiçados.
Essa é a grande tragédia do invejoso: ele luta para destruir, por diversos meios, o portador dos bens ou os próprios bens aos quais ele almeja.
E o pior: faz isso sem perceber.

As 5 filhas da inveja, segundo Santo Tomás de Aquino
Assim como fizemos em nosso artigo sobre o método de memorização dos filósofos e sábios, vamos recorrer novamente a Santo Tomás de Aquino (Roccasecca, 1225 — Fossanova, 1274) nessa investigação sobre a inveja.
Santo Tomás diz que a inveja é um atentado contra o amor, já que é próprio do amor – e também da amizade, que é um “tipo” de amor – querer o bem do outro como queremos o nosso. Ele cita Aristóteles, que diz que um amigo é como se fosse “um outro eu”.
A inveja é considerada um dos 7 Pecados Capitais. Os pecados (ou vícios) capitais são aqueles que, quando praticados, geram outros vícios. Trata-se, na linguagem moderna, daquilo que chamamos de “uma bola de neve”.
Os vícios que decorrem da invídia são chamados por Santo Tomás de “filhas da inveja” e são cinco:
Murmuração. A conhecida “fofoca”, tão comum e conhecida de todos nós.
Detração. O falar mal abertamente, “sem papas na língua”, também conhecida como difamação ou maledicência.
Ódio. A aversão intensa motivada por medo, raiva ou injúria sofrida
Exultação pela adversidade. O popular “rir da desgraça alheia”.
Aflição pela prosperidade. A tristeza sentido ao ver o progresso do outro.
O conhecimento dessas “5 filhas da inveja” é fundamental para nós, pois é a partir da percepção delas na nossa vida diária que nos tornamos capazes de reconhecê-la, tanto a nossa própria quanto a de outras pessoas.

A dinâmica da inveja: as 5 filhas da inveja na prática
Essa forma de cobiça pode ser entendida como uma espécie de tristeza pelo sucesso do outro, que passa a ser considerado pelo invejoso como um mal.
Oprimido por essa tristeza, o invejoso é levado a ter atitudes para afastar ou eliminar esse sentimento. E isso o faz praticar os atos descritos acima como “as cinco filhas” com o objetivo de atacar o invejado.
Vejamos como se dá essa dinâmica, que tem um início e um fim muito bem definidos.
Tudo começa com a tentativa de diminuir o bem e as qualidades do invejado falando mal dele. Esse “falar mal” pode acontecer de duas formas:
Disfarçadamente, pela murmuração, que é a primeira filha da inveja.
Abertamente, pela detração, que é a segunda filha.
Depois das etapas acima, as coisas ficam ainda piores: o invejoso ultrapassa os limites do falatório e começa a desejar o mal do invejado, o que o leva ao ódio, que é a terceira filha da inveja.
Quando, em algum momento, o invejado sofre alguma perda ou passa por alguma dificuldade, acontece então algo horrível: o invejoso se alegra com a queda do invejado e seu infortúnio – é a exultação pela adversidade, a quarta filha, popularmente chamada de “rir da desgraça alheia”.
Mas quando essa queda não acontece, há então a aflição pela prosperidade, a quinta filha: o invejoso então mergulha numa tristeza profunda, já que o objetivo de impedir o sucesso do outro não foi alcançado.
Isso tudo é horrível, não é mesmo? Não queremos passar por isso.
Vamos continuar, pois ainda há muito o que aprender sobre esse mal e, principalmente, sobre como reconhecê-lo e evitá-lo.

Como identificar a inveja no dia-a-dia
Agora que conhecemos a dinâmica da inveja e suas 5 filhas, podemos usar esse conhecimento para identificar esse sentimento em nossa vida cotidiana, tanto a nossa própria quanto a de outras pessoas.
O primeiro passo para isso é usar o método de meditação e memorização que ensinei nesse artigo para memorizar as cinco filhas.
Durante suas meditações sobre a inveja e suas filhas, comece a identificar, pouco a pouco, situações e fatos reais da sua vida onde você sentiu ciúme, cobiça ou avidez e manifestou alguns dos 5 “sintomas” que estudamos acima.
Todos nós já fizemos alguma fofoca (murmuração) ou falamos mal de alguém para outras pessoas (detração).
Muitos de nós já praticaram o “rir da desgraça alheia” (exultação pela adversidade) ou se entristeceram com o sucesso de alguém (aflição pela prosperidade).
Veja tudo isso com grande clareza e calma nas suas meditações. Apenas veja, sem fazer dessa visão motivo de vergonha.
Ao observar essas atitudes com uma mente e um coração abertos e dispostos a melhorar, você já terá iniciado o seu processo de superação da inveja. Foi com esse método que alcancei grandes resultados.

O que a inveja causa: inutilidade e vergonha
Entre os 7 Pecados Capitais, a inveja é o mais inútil e aquele do qual mais nos envergonhamos.
Vejamos a “utilidade” dos outros 6 Pecados Capitais:
Na gula há o prazer de saborear os bons alimentos.
Na luxúria há o prazer do sexo.
Na preguiça há o prazer do descanso e do relaxamento.
Na avareza há a utilidade da acumulação de dinheiro ou de bens materiais.
No orgulho há o prazer de sentir-se superior aos outros.
Na ira há o prazer de subjugar alguém.
Mas e a inveja? Nela não há benefício nem prazer, apenas dor e vergonha.
Podemos dizer que gostamos de comer muito (gula), de fazer muito sexo (luxúria), de não fazer nada (preguiça), que somos “mão de vaca” (avareza), que temos muito “amor-próprio” (orgulho) e que somos agressivos e violentos em certas situações (ira).
Tudo isso falamos abertamente, sem vergonha nem medo, mas jamais dizemos “eu sou invejoso” – e fazemos os esforços para manter nossa inveja oculta, pois a descoberta dela nos deixaria profundamente envergonhados.

O que a inveja causa é isso: dor e vergonha.
É inevitável sentir inveja?
Acho que se nos basearmos em nossa própria experiência e quisermos ser realmente sinceros diremos “sim, é inevitável sentir inveja”.
É que ela, sendo a dor causada pelo desejo não satisfeito de possuir os bens de outra pessoa, surge invariavelmente da comparação.
O invejoso olha para o que tem, olha para o que outra pessoa tem e então compara essas duas coisas: se percebe que o outro tem mais ou tem o que ele gostaria de ter, tem inveja.
Sendo assim, para não invejar seria necessário nunca comparar. Mas será que é possível nunca comparar? Não acredito que seja possível, pelo menos não para a grande maioria das pessoas.
É próprio do funcionamento do cérebro comparar. Pensamos por meio da comparação: confrontamos ideias, avaliamos umas a partir de outras, medimos seu alcance e suas consequências etc.
É claro que a comparação nem sempre conduz à inveja, mas em alguns momentos ela inevitavelmente conduzirá, especialmente em momentos de instabilidade psicológica nos quais estamos mais propensos a reclamar e invejar.
O sociólogo austríaco Helmut Schoeck (Graz, 1922 — Niedernhausen, 1993), autor de ENVY: A Theory of Social Behaviour, um livro sobre a inveja, afirmou categoricamente que a inveja faz parte da natureza humana e por isso é inevitável.
Particularmente, penso que nossa preocupação não deve ser eliminar esse mau sentimento, tarefa que talvez seja impossível, mas aprender a reconhecê-lo e rejeitá-lo nos momentos certos.

Como superar a inveja?
Cuide do seu olhar. Não do “olhar” que é o sentido da visão, mas do olhar que é, por assim dizer, a visão do espírito e do coração.
Podemos olhar para as pessoas e objetos de muitas maneiras diferentes, com muitas intenções diferentes.
Podemos lançar um olhar de reprovação ou um olhar de boa vontade. Podemos lançar um olhar de cobiça ou de pura contemplação.
Podemos lançar um olhar de inveja. A inveja nasce no olhar. Aliás, muitos males nascem do nosso olhar.
Quando Jesus diz que “os olhos são a lâmpada do corpo” e que “se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz” é essa a advertência que Ele nos faz.
Todo o segredo para a superação da nossa própria inveja reside no aprimoramento da nossa capacidade de olhar as coisas com bons olhos.

Como se proteger da inveja?
Seja simples, silencioso, humilde.
Muitas pessoas atraem a inveja alheia quase por esporte. Gostam de exibir-se e apresentam seus bens e conquistas sempre que podem.
As redes sociais estão repletas de pessoas assim e quase todos nós já fizemos isso alguma vez, ainda que sem uma consciência clara disso.
A verdade é que não podemos gerenciar o sentimento de outras pessoas. Se cuidarmos da nossa própria inveja já estaremos fazendo um grande trabalho.
A única coisa que está ao nosso alcance é agir humildemente, tomando cuidado para não inflamar nas pessoas ao nosso redor esse terrível sentimento.

Conclusão: enfrentando a inveja da melhor maneira
Neste artigo, vimos que a inveja é o deslocamento da energia do potencial de determinado indivíduo para a exacerbada preocupação com a satisfação e prazer de outra pessoa, geralmente íntima do sujeito em questão.
Vimos que para caracterizar um sentimento como inveja, é preciso haver 3 condições básicas:
O indivíduo deve estar diante de alguém que é portador de um bem visto como superior, seja esse bem material, moral ou espiritual.
O indivíduo deve desejar esse bem visto como superior para si mesmo; e/ou desejar que o portador deste bem não o possuísse.
Esse desejo não satisfeito deve causar dor naquele que deseja.
Quando tais condições estão presentes, o invejoso sofre tanto por se sentir indigno de ter esses bens quanto por querer tentar diminuir ou destruir os bens e a própria pessoa invejada.
Isso leva aos vícios que Santo Tomás de Aquino classificou como as cinco filhas da inveja: Murmuração, Detração, Ódio, Exultação pela adversidade, Aflição pela prosperidade.
Na prática, esses vícios apresentam-se em uma escala crescente. Todos nós já sofremos com a inveja. Mas o fato é que ela na prática só traz inutilidade e vergonha.
E, se esse é um sentimento inevitável, o que podemos fazer é cuidar do nosso próprio olhar para reduzir ao máximo a inveja e assim evitar todos os problemas que ela nos causa.
Se você tiver alguma dúvida, deixe um comentário logo abaixo que teremos o maior prazer em respondê-lo.
André Valongueiro é coach, educador e escritor. Vive a vida nos seus próprios termos, viajando o mundo enquanto trabalha 100% online. Aprendeu a arte de realizar sonhos com paz e sem ansiedade e quer ajudar você a fazer o mesmo.


Olá!
Resolvi hoje colocar um tema fora do assunto alimentação. Para que pensemos se ao vermos alguém magro, não queremos aquele corpo para nós, sonhando que tudo aquilo conquistado foi de graça, que a pessoa não se empenhou, esforçou para conseguir alcançar sua meta e desejo.
Serve de alerta para cada um de nós.
Linda semana e até a próxima postagem!

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