quarta-feira, 24 de maio de 2017

Bem-aventurados os pobres de espirito

27/04/2011 _ IETB – 20h00min – 4ª feira 

SENSIBILIZAÇÃOI – A SOCIEDADE EM QUE JESUS VIVEU
Era uma sociedade substancialmente agrícola. Não era uma sociedade industrial como a nossa.
A propriedade da terra na Palestina, Judéia, Samaria, Galileia, estava concentrada nas mãos de pouca gente.
Diante desta situação Cristo tem uma atitude bastante critica, quando o Evangelho fala de riqueza; em geral entendemos riqueza por dinheiro, por moeda. Enquanto a riqueza principal daquela época era a propriedade da terra.
A proposta positiva do Cristo é a partilha. Cristo é contra a concentração da terra nas mãos de poucos.
Todos os discípulos de Jesus têm de partilhar os bens, têm de entrar numa economia de partilha, de socialização, para poder seguir Cristo. Ou seja, é impossível ser rico e ser seguidos de Cristo. Na perspectiva de Jesus isto aparece muito claro.

·    Artesanato trabalho manual em cima de qualquer matéria, com instrumentos muito rudimentares, primitivos, mais desenvolvido nos grandes centros, como em Jerusalém, onde havia uma camada de artesões mais qualificada.
Jesus era artesão. Ele era um carpinteiro do interior, sem grande qualificação. O pai de Jesus, São José, também era carpinteiro. A profissão passava de pai para filho. Na verdade, ele era um artesão pobre.
·    Existia nas pequenas cidades um comércio local (feiras), onde se fazia a troca, de produto.
A economia monetária, a circulação de dinheiro, era muito reduzida.
Mas havia os grandes mercados, como o de Jerusalém, com o controle de grandes comerciantes. Eram mercados atacadistas, que faziam importações, como o mercado do templo.
É importante guardarmos este dado: a economia era principalmente rural e tem muito pouco a ver com a nossa sociedade moderna, onde a economia agrícola é na verdade uma economia de exceção, controlada pelo pólo industrial que leva â frente o progresso de um país moderno.

Hoje a exploração ocorre no nível de salário. No tempo de Jesus, a exploração ocorria no nível de impostos, que literalmente esmagavam o povo.
Não é à-toa que os romanos dominavam a Palestina, que a tinham transformado em colônia. Eles estavam ali para tirar bens econômicos do povo, através dos impostos. O sistema de impostos era o canal principal pelo qual o povo era explorado pelos colonizadores romanos.

Havia dois sistemas de impostos: _ O romano e o religioso.

O Imposto Romano: Era dividido em três tipos:
a) Debário: Pago por cabeça através de recenseamento ou censos. O próprio Jesus nasceu numa época de recenseamento e, naquele tempo, houve um grande levante revolucionário na Galileia. Surgiu o movimento guerrilheiro denominado “Zelotismo” dos Zelotes, que perceberam que o recenseamento nada mais era do que a forma de garantir o imposto por cabeça.
b) Produção: Um quarto da produção agrícola (25%) era entregue nas mãos do colonizador romano.
c) Circulação: Nas grandes cidades, nas encruzilhadas, nas divisões das províncias, era taxado um tributo de circulação.

O Imposto Religioso: Era imposto judaico, para o templo, tem também três tipos:
a) DRACMA: Pago por cabeça.
b) PRIMÍCIAS: Todo primeiro fruto da terra ou do animal era entregue no templo, ao sumo sacerdote. E até mesmo todo filho que nascesse tinha de ser entregue simbolicamente ao Templo, através de um animal. Os ricos entregavam camelos ou bodes; os pobres, um par de rolas ou de pombinhos. Quando Jesus foi apresentado ao Templo, São José levava um par de rolinhas pa­ra ser entregue no lugar da criança.
c) dízimo: Dez por cento (10%) da produção vai para as mãos do sumo sacerdote, da classe sacerdotal’ do Templo. E não havia um só dízimo, havia três ou quatro tipos: Dai percebemos o quanto era profundamente explorado o povo no tempo de Jesus exploração que se fazia através do sistema tributário.

Política:
Somente entendendo o funcionamento da economia e que se entende a significação política de uma crítica ao Templo.
No tempo de Jesus, o Estado é o que chamamos hoje de teocrático _ Estado religioso. A constituição, as leis são a Bíblia, os cinco primeiros livros chamados Pentateuco. Ela e a constituição, o código penal, o código civil.
O sumo sacerdote é o dirigente político da nação dirigente político da nação. Existe ainda o Sinédrio, que é uma espécie de tribunal, de conselho, formado por 80 homens que dirigem a nação, tendo à frente o sumo sacerdote.
A Igreja judaica era a sede do poder político, e o sumo sacerdote, o governante da nação.
Quando Cristo, por exemplo, cura em dia de sábado e não observa as tradições, ele está tendo um comportamento subversivo, antipolítico.
Só levando isso em consideração é que entendemos o quanto Cristo era político, o quanto ele rompia com a ordem social porque para fazer política bastava praticar religião de outra maneira. Isso era política de oposição.

Estruturas De Classe:
A sociedade era piramidal, como a nossa, por sinal. A classe alta era composta pelos funcionários, pelos detentores do Estado: Sumo Sacerdote, Sinédrio e Estado romano, O rei Herodes, o governador Poncios Pilatos e a Corte, Esse era o primeiro pólo da classe rica,
O segundo pólo da classe rica era constituído pelos proprietários de terra, pelos latifundiários, famílias tradicionais, donas de terras. Por fim, tinham os grandes comerciantes do mercado importador-exportador, do mercado atacadista, sobretudo de Jerusalém.
Depois da classe rica, vinham os “remediados”. Eram os artesãos qualificados, dos grandes centros urbanos, que não eram tão grandes assim.
Além dos artesãos, a classe intermediária era constituída pelos pequenos agricultores, pequenos comerciantes e profissionais liberais, que, naquele tempo, eram os escribas e os fariseus. Na verdade, os escribas não eram ricos. Era uma classe intermediária que estava em ascensão, com a hegemonia da sociedade. Nessa posição havia a classe do baixo clero, os sacerdotes do templo e os levitas, que giravam em torno de 17 mil pessoas. Como os sacerdotes naquele tempo casavam, constituíam famílias, existia cerca de 80 mil pessoas dependentes deles. Por aí se compreende como deveriam ser altos os impostos, porque estas oitenta mil pessoas eram totalmente sustentadas pelo fisco.
Por fim, a classe baixa, formada pelo povo. O povo era muito fragmentado, tanto que o Evangelho diz “multidão”. O que é multidão? É a massa de gente, sem maior coesão interna, sem espírito de classe.
No meio do povo existia toda a sorte de trabalhadores. Eram artesãos do interior, diaristas, arrendatários rurais, escravos, criados, e também existia toda a sorte de marginalizados: Leprosos (que eram os últimos dos últimos), Doentes, Mendigos, Órfãos, Viúvas, Estropiados, Loucos, Possessos. Chamavam de possessos as pessoas que, por causa de suas condições sociais, ficavam loucas. Isso mostra o nível a que estava reduzido o povo, o grau de deterioração das condições de vida.
O critério de sangue também prevalecia: uma pessoa de sangue judeu tinha mais status social do que outras. Um filho de uma pessoa adúltera ou de um estrangeiro ou de um samaritano já não tinha muita consideração,
Se a pessoa era rica, mas pertencente a uma profissão considerada pecaminosa, também era desprestigiada.
Naquele tempo, um fiscal, estava economicamente bem posicionado, porque teve de comprar essa posição já que ela era leiloada e rendia muito. Em geral, os fiscais se tornavam rapidamente ricos.
Mas o povo considerava que mexer com dinheiro era uma profissão pecaminosa, por isso os fiscais eram desprezados e marginalizados Assim entendemos porque Jesus almoçou com eles. Foi porque eles eram ricos? Não, porque eram marginalizados.
Também os trabalhadores do campo eram desprestigiados, devido à própria função que impedia a prática escrupulosa da Lei.

Grupos Políticos:
Existiam três grupos políticos principais:
1 – Saduceus: Nele se encontrava a classe rica: O alto clero, os proprietários de terra (anciãos). Era um partido totalmente “capacho”, pró romano. Era extremamente conservador e reacionário. Este grupo se concentrava em torno do templo, tinha os papéis principais’ do governo colegiado do Sinédrio e detinha o poder político.

2 – Fariseus:
Composto por leigos, da classe média ascendente, porque os fariseus e os escribas controlavam a interpretação da Bíblia. Como saber é poder, eles estavam subindo na sociedade e adquirindo bastantes postos no Sinédrio, dentro do governo Judeu. O grupo era formado pelos intelectuais do templo, pelos advogados, copistas, teólogos. Tinha uma resistência pacifica. Seus membros pagavam os impostos e se submetiam para evitar o pior. Procuravam ganhar espaço pouco a pouco, com o tempo.
Seus partidários se concentravam em torno da Sinagoga, porque aí era o lugar em que se lia a Lei de Deus, Era a liturgia da palavra. Eles dominavam porque eram os únicos que sabiam ler e interpretar a Lei Bíblica. Detinham a direção moral, intelectual; o povo confiava neles. Então, na verdade, detinham o poder na mão. O povo era o aliado natural dos fariseus,

3 – Zelotas: É um grupo radical, que rompe definitivamente com os romanos e adota a prática da guerrilha, da violência armada. Nascido na Galileia, é integrado, sobretudo por camponeses escravizados por dívidas.
Visa realmente destruir a estrutura política romana e também o poder judaico “capacho” dos saduceus. Em certos momentos, fazem alianças com os fariseus.
Para entender como é que Jesus se posiciona diante dos revolucionários, é necessário lembrar que esse partido tem um projeto nacionalista na cabeça. Além da independência da Palestina, ele tem um projeto expansionista, imperialista. Quer colocar o judeu no centro e sobre todos os outros povos, e criar um império mundial judeu. O César judeu seria uma espécie de César-Moises, César Bíblico que dominasse o mundo, já que isso estava nas profecias da Bíblia.
No projeto dos zelotas havia também a restauração de teocracia, do rei santo, muito parecido com Davi.
Existiam ainda outros partidos de significação menor, como os essênios, os heroditas e outros, e tinha também o povo, o “povilhéu” como era chamado a gente da terra. Era o povo sem organizações populares de base e que estava mais sob a dominação dos saduceus e dos fariseus.


Cultura: Características básicas da cultura na época de Cristo:
1 – Legalismo:
A ideologia preconizava o culto e a observância rígida da Lei. A Lei era uma espécie de força que impedia toda a criatividade, toda força, exuberância.
Esse legalismo, mantido, sobretudo pelos escribas, pelos doutores da Lei, era extremamente funcional.
Servia para acobertar as iniquidades do regime e manter o povo dominado. O legalismo não era um desvio puramente moral ou religioso. Tinha uma função também política.
Por que a Lei era tão rigidamente aplicada? Para poder manter o povo submetido, O conhecimento dos doutores da Lei se baseava em uma espécie de conhecimento se ereto, esotérico, ou seja, somente eles sabiam ler e interpretar a Lei. E isto era feito com um vocabulário complicado, difícil, de modo que deixavam o povo confuso e crente de que eles entendiam os mistérios de Deus. Assim o povo entregava sua liberdade nas mãos dos fariseus, dos doutores da Lei. Só desse modo compreendemos as violentas investidas de Cristo contra os Escribas e os Fariseus. No capítulo 23 de Mateus, lemos um dos textos mais violentos de toda a literatura antiga: “Ai de vós, Escribas e Fariseus hipócritas, que sequestrastes as chaves da casa da ciência”. E, falando do saber secreto deles “Vocês não entraram nela e impedem aos outros que entrem”. As investidas de Cristo são contra esta carapaça que Escribas e Fariseus mantinham em cima da consciência do povo.

Mas que Messias? Aquele que vinha libertar a Palestina da dominação romana para fazer com que pudessem ler, estudar e praticar a Lei com sossego. É outro tipo de Messias, é um Messias também de classe.
O povão esperava o Messias realmente material e a espera era feita de uma maneira urgente, delirante, de uma hora para outra. Isso porque a situação estava insuportável que pior não podia estar.
Um historiador romano, Flávio Josefo, conta que na época em que Jesus viveu surgiram cerca de trinta messias, dizendo-se reis, libertadores. Todos acabaram mortos, massacrados pelo poder romano. Quando apareceu João Batista, o povo perguntou se ele não era Messias. Assim ocorreu com Pedro, Judas Galileu e também com Paulo. Havia uma expectativa incrível de um salvador, libertador, e se investiam sobre. as pessoas que apareciam com uma certa perspectiva de libertação.

Pregação de João Batista
Batismo de Jesus
Jesus vence a tentação
Inicio da ação messiânica
Convocação dos discípulos
Jesus atrai a multidão
Ler As “Bem Aventuranças” de Mateus e Lucas
Jesus aperfeiçoa a Lei


O que se deve entender por espírito de pobres ou felizes os pobres, pois que deles é o reino dos céus.

Os pobres e a esperança messiânica
A visão que a bíblia tem do pobre muda radicalmente no pós exilio. Antes, a partir da pregação profética, pobreza era uma questão de justiça social e de defesa da Lei. Com a comunidade religiosa construída na época persa (539-333 a.C.), centrada na observância das leis canônicas e do culto, a pobreza passa a ser vista como uma transgressão religiosa. Ser pobre passa a ser considerado um pecado.
Não que a pobreza deixe de ser um problema social. A eloquente passagem do Livro de Jó (Jó24, 1-17) mostra que o problema social continua também na pequena comunidade judaica. Mas agora surge uma nova visão dada pela teologia da retribuição, marco teológico central na comunidade judaica.
A teologia da retribuição afirma que Deus retribuirá com bênçãos aos que praticam o culto puro e perfeito conforme as exigências rituais contidas no Livro Levítico. Tais bênçãos são a saúde, a descendência, a terra e as riquezas, uma vida longa. Logo, as pessoas que não podem ostentar essas bênçãos passam as ser consideradas malditas. Assim, os doentes, os pobres, os migrantes, as estéreis, os que morrem cedo, os mutilados etc. passam a ser vistos como sinais de maldição e possuídos pelos espíritos impuros. Se estivessem plenos do Espirito de Deus não estariam nestas situações de mendicância. Eram pessoas que mereciam o desprezo por parte das autoridades religiosas da época, as quais os consideravam genericamente de “impuros” que maculam a pureza da comunidade dos fieis. Ou seja: além de pobres, “pecadores”. Isso é importante para entender a pratica de Jesus: quando Jesus acolhe, come e convive com os doentes, ele está não apenas atendendo os indigentes economicamente.
Ele está também fazendo uma opção pelos excluídos e marginalizados pelo discurso teológico de sua época. Para eles Jesus aponta o Reino messiânico.
A proposta de Jesus vai para além das categorias de governo e de poder que conhecemos.
No reinado de Jesus os pobres e marginalizados triunfam sobre os poderes constituídos.
Ele denuncia o sistema antigo que, em nome de Deus, excluía os pobres, e anuncia um novo começo que, em nome de Deus, acolhe os excluídos. Tal é o sentido e o motivo da inserção e da missão da comunidade de Jesus no meio dos pobres. Ela atinge e combate a raiz da exclusão e inaugura a Nova Aliança.
Jesus anunciava o Reino para todos, não excluía ninguém. Mas ele o anunciava a partir dos excluídos. Situando-se do lado dos pobres, Jesus oferecia um lugar aos que não tinham lugar na convivência humana. Acolhia os que não eram acolhidos. Recebia como irmão e irmã os que a religião  e o governo desprezavam e excluíam: os imorais: prostitutas e pecadores(Mt21,31-32;Mc2,15;Lc7,37-50;Jo8,2-11); os hereges: pagãos e samaritanos(Lc7,2-10;17,16;Mc7,24-30;Jo4,7-42);os impuros: leprosos e possessos(Mt8,2-4;Lc11,14-22;17,12-14;Mc1,25-26); os marginalizados: mulheres, crianças e doentes(Mc1,32;Mt8,17;19,13-15;Lc8,2s); os colaboradores: publicanos e soldados(Lc18,9-14;19,1-10); os pobres: o povo da terra e os pobres sem poder(Mt5,3;Lc6,20,24;Mt11,25-26).
A opção de Jesus é clara, seu apelo também: não é possível ser amigo dele e continuar apoiando um sistema que marginaliza tanta gente. E aos que querem segui-lo ele manda escolher: “ou Deus, ou o Dinheiro! Servir aos dois não dá!” (Mt6,24). “Vai, vende tudo o que tens, dá aos pobres. Depois, vem e segue-me”. (Mt19, 21)

Vencer a pobreza é sinal da presença do Reino de Deus.
Para pode manter-se sempre na missão do lado dos pobres e excluídos e não se acomodar na mentalidade de “tarefa cumprida”, é necessário um processo continuo de conversão e de atenção o à realidade do povo, para que a comunidade cristã possa ser uma amostra do Reino e para que seu estilo de vida seja, de fato, uma revelação do rosto de Deus, transformado em Boa Nova para o povo de todas as épocas. Eis alguns aspectos do estilo de vida da comunidade que se formou ao redor de Jesus e que despois de espalhou pelas periferias urbanas do Império. São aspectos que caracterizavam a vida solidaria entre os pobres, verdadeira amostra do Reino, e que marcavam a formação dos discípulos ao longo dos 3 anos de convivência catequética com Jesus;

1)Todos irmãos – É a fraternidade ou irmandade de todos ao redor do mesmo Mestre.

2)Igualdade homem e mulher – Tira o privilégio do homem em relação à mulher. Ele revela seus segredos tanto aos homens como às mulheres.

3)Partilha dos bens – Na comunidade que se formou ao redor de Jesus, ninguém tinha nada de próprio. Mas havia uma caixa comum que era partilhada também com os pobres. Ele dependia da partilha que recebia.

4)Amigos e não servos – A partilha tem como base o econômico, mas deve crescer e atingir a alma e o coração. A comunhão deve chegar a ponto de não haver segredo entre eles: “Já não vos chamo servos,...eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai”. Jo15,15

5)Poder é serviço – É o ponto em que Jesus mais insiste. “Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos”.(Mt20,28)

6)Poder de perdoar e reconciliar – O perdão de Deus passa pela comunidade, que deve ser um lugar de perdão e de reconciliação, não de condenação mutua.

7)Oração em comum – Rezavam antes das refeições, frequentavam as sinagogas e em grupos menores Jesus se retirava com eles para rezar.

8)Alegria – Jesus diz aos discípulos: “ficai alegres porque vossos nomes estão escritos nos céus”, porque seus olhos veem a realização da promessa. É alegria que convive com dor e perseguição (Mt 5,11). Ninguém consegue roubá-la.(Jo 16, 20-22)

Essas são algumas das características da comunidade que nasceu ao redor de Jesus como amostra do Reino. Ela se tornou o modelo para a comunidade dos primeiros cristãos urbanos, descrita nos Atos dos Apóstolos.

Essas comunidades de pobres urbanos, tanto os que vieram do judaísmo quanto os que vieram do paganismo, serve de modelo para todos nós hoje! As comunidades cristãs, através de seus gestos solidários e da intensa comunhão fraterna, apontam para a vitória dos pobres diante dos sistemas opressores.

terça-feira, 23 de maio de 2017

Ilusão do Ego

20/01/2010 _  Rita de Cássia _ 10h30min _ livro O homem de bem

SENSIBILIZAÇÃO: O sábio e a ilusão _ uma história da tradição do Vedanta
Era uma vez, um grande sábio cujo nome era Nárada. Seu conhecimento da Unidade da vida era perfeito. Ele conseguia agir sempre de maneira serena e amorosa.
Fazia tudo como um presente para Deus. E, quando chegavam à sua vida os resultados de suas ações, ele os recebia com satisfação e agradecimento. Mesmo quando diferiam de sua expectativa ou contradiziam o seu desejo, ele se comprazia com os resultados, sabendo que eles obedeciam às Amorosas Leis Cósmicas. De fato, ele considerava tudo que lhe acontecia como um amoroso presente dado pela Fonte de todo amor.
Ele ouvia às pessoas falar da dificuldade de escolher a verdade e de confiar no amor, mas não conseguia imaginar tal situação, tão natural era para ele agir com sabedoria. Uma vez chegou na sua aldeia um respeitado yogui. Todos se reuniram para escutá-lo falar sobre a vida. E a curiosidade de Nárada foi de novo despertada quando ouviu o yogui discursar sobre Maya, a Ilusão ou erro de compreensão que faz com que seres cuja natureza é paz e plenitude possam se sentir ansiosos e carentes, que faz com que seres perfeitos e divinos se considerem limitados e insignificantes. Nárada, não chegava a entender. Para ele tudo era uma dança cósmica de luz e harmonia, não conseguia ficar cego à Presença Divina e muito menos encontrar qualquer sinal da famosa Maya ou Ilusão que enfeitiça os homens.
Nessa noite, como de costume, Nárada sentou-se em meditação para deliciar-se com a contemplação do Amado Divino. E, como sempre, o Senhor do Cosmos sentou-se à sua frente para deleitar-se com o néctar de devoção oferecido pelo seu devoto. Depois de alguns momentos em amorosa comunhão, Nárada disse: Amado Senhor, ouvi falar muito da força de Tua Maya, e senti o desejo de conhecer o Jogo da Ilusão. E acrescentou com total confiança na bondade divina: Me concedes isso?. E Deus assentiu sorrindo: Claro, por que não?
Passaram-se algumas horas em vibrante e luminoso silêncio findas as quais Deus, com seu poder onipotente, materializou um cântaro e pediu a seu devoto: -Estou com sede, poderias trazer-me um pouco de água do rio?. Nárada levantou-se graciosamente e feliz de poder servir o seu Amado, percorreu a curta distância que o separava do rio. Chegando na margem, inclinou-se para encher o cântaro. Ouviu então alguns passos e virando-se para um lado pode contemplar a forma mais maravilhosa que jamais tivera visto. Trêmulo de emoção deixou o cântaro no chão e aproximou-se daquela figura feminina de contornos inebriantes. Que rosto! Que olhos! - murmurava fascinado. Percebeu então que o sol despontava no horizonte e o céu explodia em tons dourados e azuis, e pensou Isto só pode significar o amanhecer de minha própria vida!. E, em poucos instantes, aproximando-se da jovem, sua voz apaixonada descreveu poeticamente a intensidade e profundidade de seus sentimentos, e a necessidade absoluta de desposar a bela mulher. Os poucos segundos que se sucederam até a jovem dar a sua resposta, pareceram intermináveis séculos para Nárada. Mas a angústia de seu peito foi colmada de alegria quando ouviu da moça o mesmo desejo de compartilhar as suas vidas.
Os anos se passaram. Depois de muito esforço, conseguiram construir uma pequena casa na margem do rio. Algum tempo depois, felizes, comemoraram a primeira gravidez. O primogênito trouxe-lhes grande alegria, assim como o segundo e o terceiro filho. Narada os educava com paciência, e observava com orgulho como eles iam se desenvolvendo. Sua esposa continuava bela, mesmo depois da juventude ter ficado para trás. E, apesar das divergências e freqüentes discussões, o amor entre eles continuava firme e inspirador.
Um dia, quando as crianças já tinham chegado à adolescência, o céu ficou escuro muito antes do entardecer. Uma grande tormenta se aproximava. Os três garotos brincavam no rio, numa balsa em cuja construção trabalharam por mais de uma semana. A mãe aproximou-se do rio e pediu para eles saírem. Mas eles, muito confiantes, disseram que estavam prontos para enfrentar qualquer tempestade. A mãe, aflita, correu até onde o seu marido trabalhava a terra e o trouxe consigo até a margem do rio. O pai ordenou as crianças que voltassem, mas já era tarde demais. A tormenta desatava seu furor levantando incontroláveis ondas que sacudiam mortalmente a frágil balsa, a essa altura totalmente fora de controle. Os pais desesperados lançaram-se ao resgate num pequeno barco que possuíam. Lutaram bravamente, mas em vão. O rio engoliu a jangada e as crianças diante do olhar impotente de Nárada e sua esposa. O casal gritava em tremenda aflição e o clamor do seu pranto podia ouvir-se por sobre a voz ensurdecedora da tempestade.
Mas, quando a desgraça parecia ter alcançado o seu fim, eis que uma imensa onda varre a superfície do barco arrastando consigo a mulher de Narada. Ele se joga ao rio tentando tirar dele seu último tesouro. Mas seu esforço sobre-humano é em vão.
Com o coração partido, consegue manter-se flutuando enquanto a tormenta vai amainando. Finalmente, chega à margem do rio. Com a alma rasgada e o rosto encharcado em lágrimas, Nárada levanta os braços ao céu e, no limite do seu desespero, clama por Deus. Misturando raiva e desolação grita pedindo forças e compaixão. Abrindo caminho entre as ondas emocionais de sua tempestade interior, sua alma agita os céus exigindo compreensão do sentido disso tudo, do sentido da vida. Com o corpo agitado por seu choro, curvado pela a dor em seu peito, Narada não percebe que alguém se aproxima. Mas pode sentir que uma mão toca gentilmente em seu ombro, e pode ouvir quando uma voz serena o chama pelo nome. Levantando o rosto e enxugando as lágrimas vê alguém que conhece, mais não se lembra de onde. E esse Alguém lhe diz com um sorriso maroto: Nárada, que fazes? Por que gritas? Estou com sede, cadê a minha água?

Só há “Desilusão”, porque nos “Iludimos” _ Mara Regina Garcia Gengo
 “A verdade é o chão e a ilusão é o topo da escada. Para ser forte e lidar bem com a vida, é preciso tirar a escada e se manter firme no chão da verdade...”
Ouvimos muitas vezes a frase “a realidade é dura”, mas será que é dura mesmo ou simplesmente é diferente do que imaginamos, ou diferente de como gostaríamos que fosse?
A realidade é o que é, e lidar com isso requer certo amadurecimento de visão, de sentimento, procuramos estar sempre nos cercando de julgamentos em relação a tudo, fazemos antecipadamente o esquema, o contorno para as coisas, e enquanto está na imaginação parece coerente, porém muitas vezes quando lidamos com os fatos consideramos decepcionantes, não pelo fato em si, mas pelo o que imaginamos que fosse. Então acreditamos termos sido “enganados”, por isso a sensação de desilusão, é compreensível quando percebemos que a referência vem de nós mesmos.
E essa percepção nem sempre é tão fácil, nos relacionamentos esperamos certas atitudes e essas não acontecem ou não da maneira esperada, e isso acaba se tornando uma frustração, porque o outro não age, não demonstra as coisas como nós demonstraríamos ou como nós esperávamos que poderia ser demonstrado.
O centro da realidade é estarmos baseados na verdade que prevalece em nós e para nós. Cada um tem a sua verdade, e somente quando estamos ligados com o nosso centro de verdade é que entendemos os nossos direitos e os direitos dos outros, os quais nunca podem ser confundidos ou misturados. Assim quando houver uma tentativa de confronto com o outro, você nunca será atingido.
É preciso certo esforço para abandonar as idéias “traidoras” para se livrar do fascínio pelas coisas que não existem, mas que povoam nossa mente e que nos levam para o caminho da dor, da decepção.
Essa consciência do real desagrada a quase todas as pessoas que estão perdidas nas ilusões. Desagrada e ativa a amargura, o desconforto em relação ao que sentimos, atribuindo aos outros o que acaba saindo diferente do que esperávamos.
As ilusões nos impedem que realmente tenhamos os olhos de ver, porque não buscamos a verdade e projetamos nossos sonhos na imaginação. Quando desconhecemos os traços de nossa personalidade, condenados e responsabilizamos os outros por aquilo que não podemos admitir em nos próprios.
Nossa visão sobre as coisas pode enganar-nos, pode estar disforme sob determinados pontos de vista, pois em realidade ela se forjou entre nossas convicções mais profundas, sobre aquilo que nós convencionamos em chamar de certo e errado, isto é, verdadeiro ou falso.
Essa preocupação de encontrarmos o “ideal”, nos traz muitas angústias, pois nos impede de ver e viver o que está em nossa frente, ver e viver o que se tem diante de si, e assim lidar e viver com a realidade, ver o outro ou as coisas como são, diminui e muito essa sensação de frustração ou decepção, o outro não é como imaginamos, o outro é como é.
Talvez o que nos falta é lidarmos com as coisas ou pessoas com mais “alma”, mais sentimento, e menos razão, sair um pouco dos programas elaborados, idealizados para que isso ou aquilo dê certo, descer da escada, caminhando com os pés no chão. Essa talvez seja a verdadeira resolução, que está dentro de cada pessoa, assim perderemos o medo de nos livrarmos de certas crenças, e conhecendo a verdade como ela é, podemos ser mais verdadeiros para nossas escolhas, assumindo aquilo como real e lidarmos assumidamente com as diferenças, e descobrirmos que no fundo foi o que nos atraiu.
Não se compare a nada nem a ninguém, mergulhe na sua intimidade e entenda a sua natureza. Essa é a verdadeira comunhão que você pode fazer com você mesmo.
Dialogo sobre ilusão.
 “Rainha entre os homens, como rainha julguei que penetrasse no reino dos céus! Que desilusão! Que humilhação, quando, em vez de ser recebida aqui qual soberana, vi acima de mim, mas muito acima, homens que julgava insignificantes e aos quais desprezava, por não terem sangue nobre!” Uma rainha da França. (Havre, 1863.) O evangelho segundo o espiritismo – capitulo 11 – item 8.

O que são as ilusões?
Definamos ilusão como sendo aquilo que pensamos, mas que não corresponde à realidade. São percepções que nos distanciam da verdade. Existem em relação a muitas questões da vida, tais como metas, cultura, comportamento, pessoas, fatos. A pior das ilusões é a que temos em relação: a auto ilusão.

Qual a causa das ilusões?
As ilusões decorrem das nossas limitações em perceber a natureza dos sentimentos que criam ou determinam nossos raciocínios. Na matriz das ilusões encontramos carências, desejos, culpas, traumas, frustrações e todo um conjunto de inclinações e tendências que formam o subjetivo campo das emoções humanas.

Por que a senhora citou que a auto ilusão é a pior das ilusões?
O iludido pensa muito o mundo “negando” senti-lo, um mecanismo natural de defesa face às dificuldades que encontra em lidar com as suas emoções. Esconde-se atrás de uma imagem que criou de si mesmo para resguardar a autoridade social ou outro valor qualquer que deseja manter.
O objetivo da reencarnação consiste em desiludir –nos sobre nós mesmos através da criação de uma relação libertadora com o mundo material. “Se não buscamos essa meta então caminhamos para a falência dos planos de ascensão espiritual.

Conforme a resposta anterior, o iludido esconde-se de que?
De si mesmo. Criando um “eu ideal” para atenuar o sofrimento que lhe causa a angustia de ser o que é – a criatura foge de si e vive em “esconderijos psíquicos”.

Mas, porque se esconde de si mesmo?
Devido ao sentimento de inferioridade que ainda assinala a caminhada da maioria dos habitantes da terra que, pouco a pouco, vamos extinguindo. Negar o que sente e o que se deseja é o objetivo desse mecanismo. Uma forma que a mente aprendeu para camuflar o sentimento de inferioridade da qual o espírito se conscientizou em algum instante da sua peregrinação evolutiva.
Então, iludimo-nos para nos sentirmos um pouco melhores, seria isso?
Auto ilusão é aquilo que queremos acreditar sobre nós mesmos, mas que não corresponde à realidade do que verdadeiramente somos, é a imagem de nós próprios ou aquilo que imaginamos que somos. Uma vivencia psíquica resultante da desconexão entre razão e sentimento. É a crença na imagem idealizada que criamos no campo mental. É aquilo que pensamos que somos e desejamos que os outros creiam sobre nós.

Nós, espíritas, temos ilusões?
Responderei com clareza e fraternidade; sim, muitas ilusões. O iludido, quando ambicioso, atinge sem perceber as raias da usura; quando dominador, chega aos cumes da manipulação; quando vaidoso, guinda-se aos pântanos da supremacia pessoal; quando cruel, atola-se ao lamaçal do crime; quando astuto, atira-se as vivencias da intransigência; quando presunçoso, escala os cumes da arrogância; e, mesmo quando esclarecido espiritualmente, lança-se aos píncaros do exclusivismo ostentando as qualidades que, muita vez, são adornos frágeis com os quais esnobam superioridade que supõem possuir.

Poderia dizer a nós, espíritas, algo sobre a nossas ilusões?
Existe uma tendência à autossuficiência entre os depositários do conhecimento espírita. Discursam sobre a condição precária em que se encontram assumindo a condição de almas carentes e necessitadas, todavia, diametralmente oposto a isso, agem como se fossem “salvadores do mundo” com todas as respostas para a humanidade. Essa incoerência na conduta é provocada pela ilusão que criaram do papel do espírita no mundo...
O espiritismo é excelente, nós espíritas, nem tanto... nossa condição real, para quem deseja assumir uma posição ideal perante si mesmo, é a das almas que apenas começamos a sair do primitivismos moral. Alegremo-nos por isso!

Essa autossuficiência seria o orgulho?
O orgulho promove essa condição, é a mais enraizada manifestação da ilusão, é a ilusão do querer ser o que imaginamos que somos. Essa é a pior ilusão, a autoimagem falsa e superdimensionada de nós mesmos. Essa auto ilusão é sustentada por uma “cultura de convenções” acerca do que seja ser espírita, um resquício do velho habito religioso de criar “estampas” pelas quais serão reconhecidos os seguidores de alguma doutrina. Nesse caso, a ilusão é desenvolvida chama-se “ideia de grandeza”.
Muitas pessoas desejariam sair prontas para testemunho após pequenos exercícios de espiritualização no centro espírita, entretanto, por ignorarem sua real condição espiritual, fazem da casa doutrinária um templo de aquisição da angelitude imediata. Querem sair prontos e perfeitos das tarefas e estudos, quando o objetivo de tais iniciativas é capacitar de valores intelecto morais para repensar caminhos e encontrar respostas para as encruzilhadas da alma, nas refregas da existência.

O que é essa autoimagem falsa?
Uma construção mental que se torna referência para nossas movimentações perante a vida.
É uma cristalização mental, uma irradiação que cria uma rotina escravizante nos sentimentos permitindo nos viver somente as emoções em uma “faixa de segurança” a fim de não perdermos o status da criatura que supomos ser e queremos que os outros “acreditem que somos”. O que pensamos sobre nós, portanto, determina a imagem mental indutora dos valores íntimos. Se o raciocínio sofre distorções da ilusão, então, viveremos sem saber quem somos.

Como é construída essa autoimagem?
Através das vivencias intelecto afetivas de todos os tempos desde a criação.

Onde ela permanece?
No corpo mental. Sua maior expressão é conhecida pelas operações do departamento da imaginação no reino da mente.
Quer dizer que além da auto imagem temos um “eu real”, diferente do “eu cristico”, que ainda não conhecemos?
Sim. Temos um “eu real” que estamos tentando ignorar há milênios. Essa “parcela” de nós é a “sombra” da qual queremos fugir. Todavia, o contato com essa “zona inconsciente” revela-nos não só motivos de dor e angustia mas, igualmente, a luz que ignoramos estar em nossa intimidade à espera de nossa vontade para utilizá-la.
Aqui chamamos a atenção dos nossos parceiros de ideal para o cuidado com o processo da reforma interior. Existe muita idealização confundindo aprendizes que imaginam estar dando “saltos evolutivos” em direção a esse “eu real”, entretanto, em verdade, estão se movimentando na esfera do “eu idealizado”...

Poderia explicar mais profundamente essa questão dos “saltos evolutivos”?
É um tipo de ilusão que normalmente assalta os religiosos de todos os tempos. Imaginam-se muito melhorados a partir do contato com alguma diretriz ou pratica religiosa e, então, passam a viver uma vida idealizada, um projeto de “vir-a-ser”. É uma ilusão de que se está fazendo a renovação, apenas uma idealização. Uma forma de comportar desconectada do sentimento, um adorno moral para nossas atitudes, é o discurso sem a vivência. “O nome” mais conhecido desse comportamento e puritanismo.

Como distinguir idealização de mudança verdadeira?
Na idealização pensamos o que somos e, como conseqüência , vivemos o que gostaríamos de ser , mas ainda não somos. É o habito das aparências.
Na reforma intima sentimos o que somos, e como conseqüência vivemos a realidade do que somos com harmonia ainda que nos cause muito desconfortos. É o processo da educação paulatina.
Na idealização vive-se em permanente conflito por se tratar, em parte, de uma negação da realidade, enquanto na reforma autentica a criatura consegue penetrar os meandros dos “sentimentos causais”, encontrando uma convivência pacifica consigo e aceitando-se sem se acomodar em direção a melhoras mensuráveis.

Como vencer nossas ilusões?
Desapegando da falsa auto imagem falsa que fazemos de nós mesmos. Desapaixonando-se do “eu”. Para isso somente o autoconhecimento.
Havendo esse desapego, conseguiremos libertar os sentimentos para novas experiências com o mundo e consequentemente com nosso “eu profundo”. Isso desencandeará um processo de resgate de nós mesmos, venceremos a condição de reféns de nosso passado escravizante, saindo da “roda viciosa das emoções” perturbadoras, quais sejam o medo, a culpa e a insegurança.
O processo da desilusão custa sorver o fel da angustia de saber quem somos, e carregar o peso do sacrifício de cuidar dessa personalidade nova que renasce exuberante. Independente do quão doloroso seja, é preferível experimentá-la no corpo a ter que purgá-la na vida espiritual.
Assinalemos alguns exercícios de desapego dessa paixão que nutrimos pela imagem irreal que criamos de nós mesmos;
• Fazer as pazes com as imperfeições.
• Abandonar os estereótipos e aprender a se valorizar com respeito.
• Descobrir sua singularidade e vivê-la com gratidão.
• Coragem para descobrir seus desejos, tendências e sentimentos.
• Exercitar a auto aceitação através do perdão.
• Munir se de informações sobre a natureza de suas provas.
• Aprender a ouvir com atenção e que se passa a sua volta.
• Dominar o perfeccionismo nutrindo a certeza de que ser falível não nos torna mais inferiores.
• Valorizar afetivamente as suas vitorias.
• Descobrir qualidades, acreditar nelas e colocá-las a serviço das metas de crescimento.
Paulo, o apostolo da renovação, indica-nos uma sublime recomendação que nos compele a meditar na natureza de nossos sentimentos em torno da mensagem do amor; sugerimos que esse seja nosso roteiro na vitoria sobre as ilusões: “Olhais para as coisas segundo as aparências? Se alguém confia de si mesmo que é de Cristo, pense outra vez isto consigo”(...) II Coríntios, 10:7
TEXTO EXTRAIDO DO LIVRO: "REFORMA INTIMA SEM MARTIRIO"
WANDERLEY SOARES DE OLIVEIRA, PELO ESPIRITO ERMANCE DUFAUX

7 Passos para dominar o Ego - Autor: Wayne Dyer
Postado por Nilza Garcia em 18 abril 2014 às 2:51Enviar mensagem   Exibir blog
Eis aqui sete recomendações para te ajudar a transcender essas ideias arraigadas da vaidade. Todas elas estão destinadas a evitar que te identifiques com uma chave falsa do ego e da vaidade.
1. Não te sintas ofendido.
A conduta dos demais não é razão para que fiques imobilizado. O que te ofende só contribui para te debilitar. Se buscas ocasiões para você se sentir ofendido, as encontrarás duas em cada três. É teu ego em plena ação, te convencendo que o mundo não deveria ser como é. Mas podes te converter em degustador da vida e te corresponderes com o Espírito Universal da Criação. Não podes alcançar a força da intenção sentindo-te ofendido. Assim, atua para erradicar os horrores do mundo, que emanam da identificação massiva com o ego, mas vive em paz. Como nos lembra “Um Curso de Milagres”: A paz é de Deus; aqueles que fazem parte de Deus não estão a seu gosto, exceto em sua paz. Sentir-te ofendido cria a mesma energia destrutiva que te ofendeu e que leva ao ataque, ao contra-ataque e à guerra.
2. Liberta-te da necessidade de ganhar.
Ao ego encanta dividir-nos entre ganhadores e perdedores. Empenhar-te em ganhar é um método infalível para evitar o contato consciente com a intenção. Por quê? Porque, em última instância, é impossível ganhar todo o tempo. Sempre haverá alguém mais rápido, mais jovem, mais forte, mais hábil e com mais sorte que ti, e sempre voltarás a te sentir insignificante e desprezível. Tu não és tuas vitórias. Pode ser que te agrade a competição e que te divirtas num mundo no qual o ganhar é tudo, mas não tens que estar alí com teus pensamentos.
Não existem perdedores num mundo no qual compartilhamos a mesma fonte de energia. O mais que podes dizer é que em determinado dia te rendestes a certo nível em comparação com o nível de outras pessoas nesse mesmo dia. Mas hoje é outro dia, e tem que ter em conta outros competidores e outras circunstâncias. Tu continuas sendo a presença infinita em um corpo que é um dia uma década mais velho. Esqueça-te da necessidade de ganhar não aceitando que o oposto de ganhar é perder.
Esse é o medo do ego. Se o teu corpo não rende para ganhar esse dia, simplesmente não importa, se não te identificas exclusivamente com teu ego. Adota o papel de observador, olha e desfruta tudo sem necessitar ganhar um troféu. Viva em paz, corresponda-te com a energia da intenção e, ironicamente, embora apenas [tu] o notes, em tua vida surgirão mais vitórias à medida que deixes de ir atrás delas.
3. Liberta-te da necessidade de ter razão.
O ego é fonte de conflitos e dissensões porque te influi a fazer que os demais se equivoquem. Quando és hostil, te desconectas da força da intenção. O Espírito criativo é bondoso, carinhoso e receptivo, e é livre da ira, ressentimento e amargura. Esquecer-se da necessidade de ter sempre razão nas discussões e relações é como dizer ao ego: Não sou teu escravo.
Quero abraçar a bondade e rechaço tua necessidade de ter razão. Ainda mais; vou oferecer a esta pessoa a possibilidade de que se sinta melhor dizendo-lhe que tem razão e agradecer-lhe por ter me encaminhado para a verdade. Quando te esqueces da necessidade de ter razão podes fortalecer a conexão com a força da intenção, mas tenha em conta que o ego é um combatente muito resoluto. Já vi pessoas dispostas a morrer a deixar de ter razão. Já vi como acabam as relações maravilhosas pela necessidade de certas pessoas de levar sempre a razão. Te proponho que esqueças essa necessidade impulsionada pelo ego parando em meio a uma discussão para perguntar-te: Que quero? Ser feliz ou ter razão?
Quando eleges o modo feliz, carinhoso e espiritual, se fortalece tua conexão com a intenção. Em última instância, estes momentos expandem tua nova conexão com a força da intenção. A Fonte universal começará a colaborar contigo na criação da vida que a intenção quer que leves.
4. Liberta-te da necessidade de ser superior.
A verdadeira nobreza nada tem a ver com ser melhor que os demais. Trata-se de ser melhor do que eras antes. Centra-te em teu crescimento, com constante consciência de que não há ninguém melhor que ninguém neste planeta. Todos emanamos da mesma força vital. Todos temos a missão de cumprir a essência para a qual estamos destinados, e temos o quanto necessitamos para cumprir esse destino. Nada disso é possível quando te consideras superior aos demais. Não por ser velho é menos certo o ditado: Todos somos iguais perante os olhos de Deus.
Esqueça-te da necessidade de te sentires superior ao ver Deus revelando-se em todos. Não valorizes os demais baseando-te em sua aparência, seus feitos, posses e outras tabelas de avaliação impostas pelo ego. Quando projetas sentimentos de superioridade, isso é o que te devolvem, e te leva ao ressentimento e em última instância a sentimentos de hostilidade. Estes sentimentos se convertem no veículo que te afasta da intenção. “Um Curso de Milagres” fala dessa necessidade de ser especial e superior: O sentir-se especial sempre estabelece comparações. É produzido por uma carência que se vê no outro e que se mantém buscando e não perdendo de vista as carências que pode perceber.
5. Liberta-te da necessidade de ter mais.
O mantra do ego é “mais”. O muito que consigas ou adquiras, teu ego insistirá em que que não é o suficiente. Ver-te-ás lutando continuamente e eliminarás a possibilidade de alcançar a meta, mas na realidade já as alcançou, e é assunto teu decidir como utilizar o momento presente de tua vida. Ironicamente, quando deixas de necessitar mais, parece como que te chegará mais do que desejas.
Como estás desapegado dessa necessidade, te resulta mais fácil transmiti-la aos demais, por que te dás conta do pouco que necessitas para te sentir satisfeito e em paz. A Fonte universal está satisfeita de si própria, em contínua expansão e criando nova vida, sem tentar jamais aferrar-se às suas criações através de seus recursos egoístas. Cria e se desliga. Quando te desligas da necessidade do ego de ter mais, te unificas com a fonte. Crias, atrais o que desejas para ti e te desligas, sem exigir que se te apresente nada mais. Se valorizas tudo o que surge, aprendes a grande lição que nos deu S. Francisco de Assis: é dar quando recebemos. Ao permitir que a abundância flua até ti e através de ti, estabeleces correspondência com a Fonte e asseguras que esta energia continue fluindo.
6. Liberta-te da necessidade de te identificar com teus ganhos.
Pode resultar num conceito difícil se pensas que tu e teus ganhos são o mesmo. Deus escreve todas as músicas, canta todas as canções, Deus constrói todos os edifícios. Deus é a Fonte de todos os teus ganhos. E já ouço os protestos de teu ego, mas continue sintonizado com essa ideia. Tudo emana da Fonte. Tu e a Fonte sois um e o próprio! Não és esse corpo e seus ganhos.
És o observador. Fixa-te em tudo e agradece as capacidades que te foram concedidas, a motivação para ganhar coisas e as coisas que acumulastes, mas atribua todo o mérito à força da intenção que te deu a existência e da que fazes parte materializado. Quanto menos necessites atribuir-te o mérito de teus ganhos mais conectado estarás com as sete caras da Intenção, mais livre serás de conseguir coisas, que te surgirão com mais frequência. Quando te apegas a esses ganhos e crês que os está conseguindo sozinho é quando abandonas a paz e a gratidão de tua Fonte.
7. Liberta-te de tua fama.
A fama que tens não está localizada em ti, senão na mente dos demais e, por conseguinte, não exerces nenhum controle sobre ela. Se falas com trinta pessoas, terás trinta famas diferentes. Conectar-se à intenção significa escutar os ditados de teu coração e atuar baseando-te no que tua voz interior te diz que é tua meta aqui. Se te preocupas em demasia como vão te perceber os demais, terás desconectado da intenção e permitido que te guiem as opiniões dos demais. Assim funciona o ego. É uma ilusão que se levanta entre ti e a Força da intenção.
Não há nada que possas fazer, a menos que te desconectes da força e te convenças de que tua meta consiste em demonstrar aos demais tua superioridade e autoridade e dediques tua energia a tentar ganhar uma fama extraordinária entre o ego dos demais. Faça o que faças segundo a orientação de tua voz interior, sempre conectada com tua Fonte e agradecida a ela. Mantém teu propósito, desliga-te dos resultados e aceita a responsabilidade do que reside em ti: teu caráter. Deixa que outros discutam sobre a tua fama; não tem nada a ver contigo.
Ou como diz o título de um livro: “O que pensas de mim não é assunto meu”.
(Tirado do livro “El poder de la intención” de Wayne Dyer)
Texto extraído do site “Semillas de Luz” - Traduzido do Espanhol por J.Baptista Neto