IHSE Programa #01 Idiotismo e Loucura
IHSE Programa #01 Idiotismo e Loucura
Reiki, Baralho Cigano,Espiritualidade, Metafisica,Poesia,Florais e Feng Shui
domingo, 30 de abril de 2017
Civilização
23/07/2009
_ Lei do Progresso _ Civilização _ LE 790 a 793 _ Rita _ 18h00min
790.
A civilização é um progresso, ou, segundo alguns filósofos, uma decadência da
Humanidade?
—
Progresso incompleto, pois o homem não passa subitamente da infância à
maturidade.
790-a.
É razoável condenar-se a civilização?
—
Condenai antes os que abusam dela e não a obra de Deus.
791.
A civilização se depurará um dia, fazendo desaparecer os males que tenha
produzido?
—
Sim, quando a moral estiver tão desenvolvida quanto a inteligência. O fruto não
pode vir antes da flor.
792.
Por que a civilização não realiza imediatamente todo o bem que ela poderia
produzir?
—
Porque os homens ainda não se encontram em condições, nem dispostos a obter
este bem.
792-a.
Não seria ainda porque, criando necessidades novas, excita novas paixões?
—
Sim, e porque todas as faculdades do Espírito não progridem ao mesmo tempo; é
necessário tempo para tudo. Não podeis esperar frutos perfeitos de uma
civilização incompleta.
793.
Por que sinais se pode reconhecer uma civilização completa?
—
Vós a reconhecereis pelo desenvolvimento moral. Acreditais estar muito
adiantados por terdes feito grandes descobertas e invenções maravilhosas;
porque estais melhor instalados e melhor vestidos que os vossos selvagens; mas
só tereis verdadeiramente o direito de vos dizer civilizados quando houverdes
banido de vossa sociedade os vícios que a desonram e quando passardes a viver
como irmãos, praticando a caridade cristã. Até esse momento, não sereis mais do
que povos esclarecidos, só tendo percorrido a primeira fase da civilização.
A
civilização tem os seus graus, como todas as coisas. Uma civilização incompleta
é um estado de transição que engendra males especiais, desconhecidos no estado
primitivo, mas nem por isso deixa de constituir um progresso natural,
necessário, que leva consigo mesmo o remédio para aqueles males. À medida que a
civilização se aperfeiçoa, vai fazendo cessar alguns dos males que engendrou, e
esses males desaparecerão com o progresso moral.
De
dois povos que tenham chegado ao ápice da escala social, só poderá dizer-se o
mais civilizado, na verdadeira acepção do termo, aquele em que se encontre
menos egoísmo, menos cupidez e menos orgulho; em que os costumes sejam mais
intelectuais e morais do que materiais; em que a inteligência possa
desenvolver-se com mais liberdade; em que exista mais bondade, boa fé,
benevolência e generosidade recíprocas; em que os preconceitos de casta e de
nascimento sejam menos enraizados, porque esses prejuízos são incompatíveis com
o verdadeiro amor do próximo; em que as leis não consagrem nenhum privilégio e
sejam as mesmas para o último como para o primeiro; em que a justiça se exerça
com o mínimo de parcialidade; em que o fraco sempre encontre apoio contra o forte;
em que a vida do homem, suas crenças e suas opiniões sejam melhor respeitadas;
em que haja menos desgraçados; e, por fim, em que todos os homens de boa
vontade estejam sempre seguros de não lhes faltar o necessário.(1)
(1)
Será essa a civilização cristã que o Espiritismo estabelecerá na Terra. Como se
vê pelas explicações dos Espíritos e os comentários de Kardec, a civilização
incompleta em que vivemos é apenas uma fase de transição entre o mundo pagão da
Antigüidade e o mundo cristão do futuro. Nos costumes, na legislação, na
religião, na prática dos cultos religiosos vemos a mistura constante dos
elementos do paganismo com os princípios renovadores do Cristianismo. Cabe ao
Espiritismo a missão de remover esses elementos pagãos para fazer brilhar o espírito
cristão em toda a sua pureza. Veja-se, a propósito, todo o cap. I de "O
Evangelho segundo o Espiritismo". (N. do T.)
Civilização _
Segundo Léxico Kardequiano _ Conjunto de normas jurídicas, culturais, sociais,
etc., que constituem e indicam o grau de evolução de uma sociedade. Ato ou
efeito de socializa
sf
(civilizar+ção) 1 Estado de adiantamento e cultura social. 2 Ato de civilizar.
3 Sociologia Acumulação e aumento de habilidades manuais e de conhecimentos
intelectuais e a aplicação deles.
civilizar
ci.vi.li.zar
(civil+izar)
vtd e vpr 1 Tornar(-se) civil ou cortês: Os gregos contribuíram para civilizar
os romanos. Esse moço civilizou-se, graças à sua noiva. 2 Converter(-se) ao
estado de civilização: Pretendiam civilizar os índios. "Quanto mais se civiliza
o gênero humano, mais a guerra se desciviliza" (Rui Barbosa).
As Primeiras
Civilizações
Nos
mapas destacam as regiões onde floresceram as primeiras civilizações, num
período denominado Antigüidade Oriental.
O
Egito localiza-se no nordeste da África, banhado ao norte pelo Mar
Mediterrâneo, a leste pelo Mar Vermelho, a oeste pelo deserto da Líbia e ao sul
pelo Sudão. Seu território é cotado no sentido sul-norte pelo Rio Nilo. O rio é
responsável pela fertilidade das terras do vale, onde se desenvolveu uma das
primeiras civilizações, já que era responsável pela irrigação natural da terra,
facilitando o trabalho agrícola das comunidades que passaram a produzir
excedentes, possibilitando a organização do Estado e de uma sociedade mais complexa.
Por volta de 3500 a.C. as populações que viviam às margens do Nilo deram origem
a dois reinos: o Baixo Egito, na região do delta do rio, e o Alto Egito, no
decurso do vale do Nilo Aproximadamente em 3200 a.C. Menés, que governava o
Alto Egito, promoveu a unificação dos dois reinos ao invadir a região norte. A
primeira dinastia, denominada Tinita, foi responsável por assegurar a unidade
do país por cerca de 2000 anos.
Mesopotâmia
é a denominação dada pelos gregos antigos à região compreendida entre os rios
Eufrates e Tigre, que cortam um extenso vale e aproximam-se na região sul, onde
desembocam no Golfo Pérsico.
Essa
região é parte do "crescente fértil", área caracterizada pela
possibilidade da prática agrícola, dada `a fertilidade da terra, produzida
pelas cheias dos dois rios. Esse território é ladeado pelo deserto da arábia a
oeste e pelo planalto do Irã a leste.
Uma das
características geográficas que também influenciou o desenvolvimento da região
é a distinção entre o norte e o sul.
Ao
norte, região menos fértil e mais árida, onde predominam montanhas e planaltos,
desenvolveram-se os povos babilônicos e assírios, que chegaram a dominar toda a
região.
Ao
sul encontramos áreas de planícies aluvionais, irrigadas pelas enchentes
periódicas, onde desenvolveram-se as primeiras civilizações, chamadas
sumerianas. Mapas retirados do CD-ROM Atlas de História Geral, da Editora Ática
A civilização
é o estágio da cultura social e da civilidade de um agrupamento humano
caracterizado pelo progresso social, científico, político, econômico e
artístico. O vocábulo deriva do latim civita que designava cidade e civile
(civil) o seu habitante.
A civilização
é um processo social em si, inerente aos grupamentos humanos que tendem sempre
a evoluir com a variação das disponibilidades econômicas, principalmente
alimentares e sua decorrente competição por estes com os grupamentos vizinhos.
Alguns historiadores têm defendido que o surgimento de grandes civilizações
sempre depende do progressivo acúmulo de recursos naturais por um determinado
grupo étnico e tem por detonador o acúmulo de poder bélico nas mãos de certos
líderes e suas famílias. A hegemonia de tais grupos sobre outros acaba sempre
influenciando culturalmente toda a região e o produto, invariavelmente, redunda
em um novo regramento social, impressionantes construções e a produção de obras
de arte numa etapa posterior.
O conceito de "civilização" surgiu entre os
povos europeus e os critérios para considerar um povo "mais" ou
"menos civilizado" também foram estabelecidos por eles. Eram
critérios que valorizavam, acima de tudo, o modo de vida europeu. Há a ideia de
que existem povos "mais civilizados" e povos "menos
civilizados". Sabe-se que isso não tem fundamento. Hoje, o termo
civilização, quando é utilizado, serve apenas para designar diferentes modos de
vida, sem indicar superioridade ou inferioridade.
Civilização surgiu após mudanças climáticas ocorridas há
mais de 4 milênios _ France Presse, em Londres
As civilizações humanas nasceram em decorrência de grandes
mudanças climáticas ocorridas entre 4 mil e 6 mil anos atrás, afirmou um
pesquisador britânico especializado em meio ambiente.
"A civilização não apareceu como resultado de um
ambiente favorável", afirmou Nick Brooks durante o Festival da Ciência de
Norwich (leste da Inglaterra).
"Pelo contrário, o que hoje consideramos como a
'civilização' é em grande parte uma conseqüência acidental de uma adaptação não
planejada a uma mudança climática catastrófica", explicou o pesquisador da
Universidade East Anglia, de Norwich.
Segundo o especialista, a civilização foi um último
recurso para organizar a sociedade, a produção e a distribuição de alimentos
diante da deterioração das condições ambientais.
Segundo ele, entre 4 mil e 6 mil anos atrás, o clima se
tornou muito árido devido às mudanças ambientais no planeta.
A conseqüência foi uma piora nas condições de vida para
os homens que até então viviam da caça e da colheita.
Para sobreviver, eles se aproximaram de diferentes fontes
de água, o que levou à criação de comunidades estáveis. Assim --explicou o
pesquisador-- nasceram as primeiras civilizações no Egito, no Iraque, no sul da
Ásia, na China e no norte da América do Sul.
Brooks deu como exemplo o Egito, citando o Nilo como um
local onde as pessoas podiam viver mesmo depois da desertificação da região, há
4 mil anos.
Civilização
e cultura se referem ambas, ao estilo de vida em geral de um povo, e uma
civilização é uma cultura em escrita maior. As duas envolvem “os valores, as
normas, as instituições e os modos de pensar aos quais sucessivas gerações numa
determinada sociedade atribuíram uma importância fundamental”.
Existe
uma correspondência significativa entre a divisão dos povos por características
culturais em civilizações e sua divisão por características físicas em raças.
No entanto, civilização e raça não são a mesma coisa. Povos da mesma raça podem
estar profundamente divididos pela civilização e povos de raças diferentes
podem estar unidos pela civilização. Em especial as grandes religiões missionárias,
o Cristianismo e o Islã, abrangem sociedades com variedade de raças. As
distinções cruciais entre os grupos humanos se referem a seus valores, crenças,
instituições e estruturas sociais, não a seu tamanho físico, formato de cabeça
e cor da pele.
As civilizações
não têm fronteiras nitidamente definidas nem começos e fins precisos. Os povos
podem redefinir suas identidades e, em conseqüência, a composição e as formas
das civilizações mudam com o tempo.
As
civilizações são, também, mortais, porém duram muito tempo. Elas evoluem, se
adaptam e são as mais duradouras dentre as associações humanas.a civilização é,
na verdade, a história mais comprida de todas. Os impérios ascendem e caem, os
governos vêm e vão, as civilizações perduram e sobrevivem às convulsões
políticas, sociais, econômicas, até mesmo ideológicas. Mas ao mesmo tem pó em
que as civilizações perduram, elas também evoluem. Elas são dinâmicas, ascendem
e caem, se fundem e se dividem e também desaparecem. As fases de sua evolução
podem ser especificadas de diversas maneiras. Quigley vê as civilizações
passando por sete estágios: mescla, gestação, expansão, era de conflito,
império universal, decadência e invasão. Toynbee vê uma civilização surgindo
como uma resposta a desafios e passando então por um período de crescimento que
envolve um crescente controle sobre seu ambiente produzido por uma minoria
criativa, seguido por um tempo de dificuldades, a ascensão de um Estado
universal e depois a desintegração. Todas essas teorias vêem as civilizações evoluindo
através de um tempo de dificuldades ou conflito para um Estado universal e daí
para a decadência e a desintegração.
Como
as civilizações são entidades culturais e não políticas, ela, como tal, não
mantêm a ordem, não estabelecem a justiça, não arrecadam impostos, não travam
guerras,não negociam tratados nem fazer quaisquer das coisas que fazem os
governos. Uma civilização pode assim conter uma ou mais unidades políticas. À
medida que uma civilização evolui, normalmente ocorrem mudanças na quantidade e
na natureza das unidades políticas que a constituem. Num extremo, pode haver
coincidência entre uma civilização e uma entidade política. Lucian Pye comentou
que a China é “uma civilização que pretende ser um Estado. O Japão é uma
civilização que é um Estado. Entretanto, a maioria das civilizações contém mais
de um Estado ou outra entidade política.
De
forma geral, os estudiosos estão de acordo quanto à identificação que fazem das
principais civilizações da História e quanto às que existem no mundo moderno.
Assim, as principais civilizações contemporâneas são as seguintes:
•
Sínica: todos os estudiosos reconhecem a existência ou de uma única e distinta
civilização chinesa que vem pelo menos de 1500ª.C., e talvez de mil anos antes,
ou de duas civilizações chinesas, uma sucedendo à outra nos primeiros séculos
da era cristã.
•
Japonesa: alguns estudiosos combinam as culturas japonesa e chinesa sob o
título de uma única civilização extrermo-oriental. A maioria, porém não o faz
e, ao contrário, reconhece o Japão como uma civilização distinta que foi fruto
da civilização chinesa, emergindo durante o período entre 100 e 400 d. C.
•
Hindu: reconhece-se de forma universal que existiram uma ou mais civilizações
sucessivas no Subcontinente desde pelo menos 1500 a. C. de modo geral, elas são
chamadas de indiana, índica ou hindu, sendo este último termo preferido para se
referir à civilização mais recente. O Hinduísmo foi fundamental para a cultura
do Subcontinente desde o segundo milênio antes da era Cristã. Mais do que uma
religião ou um sistema social, ele é o núcleo da civilização indiana.
•
Islâmica: todos os principais estudiosos reconhecer a existência de uma
civilização islâmica distinta. Originando-se na Península Arábica no século VII
d. C., o Islã se espalhou rapidamente através do norte da África e da Península
Ibérica, bem como na direção do leste, pela Ásia Central, pelo Subcontinente e
pelo Sudeste Asiático. Em conseqüência, existem dentro do Islã muitas culturas
distintas, inclusive árabe, turca, persa e malaia.
•
Ortodoxa: Alguns estudiosos distinguem uma civilização Ortodoxa, centrada na
Rússia e separada da Cristandade Ocidental, como resultado de sua ascendência
Bizantina, religião distinta, 200 anos de leis Tártaras, despotismo burocrático
e exposição limitada ao Renascimento, Iluminismo e outras experiências
fundamentais do Ocidente.
•
Ocidental: A civilização ocidental é geralmente dada como tendo surgido por
volta de 700 ou 800 d. C. de forma geral, ela é vista pelos estudiosos como
tendo três componentes principais na Europa, América do Norte e América Latina.
•
Latino-americana: a América Latina evoluiu por um caminho bastante diferente
dos da Europa e da América do Norte. Um produto da civilização européia, ela
também incorpora, em graus variados, elementos de civilizações indígenas
americanas que não se encontraram n América do Norte e na Europa. Ela teve uma
cultura corporativista, autoritária, que existiu em muito menor grau na Europa
e não existiu em absoluto na América do Norte. Historicamente, embora isso
possa estar mudando, a América Latina sempre foi católica. A evolução política
e o desenvolvimento econômico latino-americanos se diferenciaram muito dos
padrões que prevaleceram nos países do Atlântico Norte. Do ponto de vista
subjetivo, os próprios latino-americanos se encontram divididos no que se
refere à sua auto-identificação. Uma vasta literatura de autores
latino-americanos e norte-americanos desenvolve suas diferenças culturais. A
América Latina poderia ser considerada ou uma subcivilização dentro da
civilização ocidental ou uma civilização separada, intimamente afiliada ao
Ocidente e dividida quanto a se seu lugar é ou não no Ocidente.
•
Africana (possivelmente): os principais estudiosos de civilização, com exceção
de Braudel, não reconhecem uma civilização africana distinta. O norte do
continente africano e sua costa leste pertencem à civilização islâmica.
Historicamente, a Etiópia, com suas instituições distintas, igreja monofisista
e língua escrita, constitui uma civilização própria. Na África do Sul,
colonizadores holandeses, franceses e, depois, ingleses, criaram uma cultura
européia multifragmentada. Mais importante ainda, o imperialismo europeu levou
o Cristianismo para a maior parte do continente ao sul do Saara. Contudo, as identidade
tribais são profundas e intensas pela África, embora os africanos estejam
também desenvolvendo cada vez mais uma noção de identidade africana, sendo
possível que a África subsaárica se junte numa civilização distinta, sendo
possivelmente a áfrica do Sul seu Estado-núcleo.
A
religião é uma característica central definidora das civilizações. As grandes
religiões são os alicerces sobre os quais repousam as civilizações. Das cinco
“religiões mundiais” citadas por Weber, quatro – Cristianismo, Islamismo,
Hinduísmo e Confucionismo – estão associadas com civilizações principais. A
quanto, o Budismo não está. Por quê? Tal como o Islamismo e o Cristianismo, o
Budismo cedo se separou em duas subdivisões principais e, como o Cristianismo,
não sobreviveu na sua terra natal. A partir do século i D.c., O Budismo maaiano
foi exportado para a China e pra a Coréia, Vietnã e Japão. Nessas Sociedades, o
Budismo foi adaptado de formas diversas, assimilado às culturas indígena, e
eliminado.
De
forma geral, a virtual extinção do budismo na Índia e sua adaptação e
incorporação às culturas existentes na China e no Japão significam que o
Budismo, embora sendo uma religião importante, não foi a base de uma
civilização importante.
SUMÉRIOS E ACÁDIOS
Por
volta de 10000 a.C., os primeiros grupos humanos sedentários passaram a se
fixar na região da Mesopotâmia, dando os primeiros passos que marcaram o
surgimento das primeiras cidades-Estado da região. Com o passar do tempo,
avançadas técnicas de exploração dos recursos hídricos permitiram o incremento
populacional e a constituição das primeiras cidades, como Uruk, formada em 4000
a.C..
Foi
justamente nessa época que os sumérios – civilização oriunda do planalto
iraniano – se fixaram na região da Caldeia, localizada entre a Baixa e a Média
Mesopotâmia. Com o desenrolar de sua presença naquele território, os sumérios
foram responsáveis pela fundação de doze cidades-Estado, como Quish, Ur, Nipur
e Lagash. Marcando o desenvolvimento da chamada Revolução Urbana, cada uma
dessas cidades era dotada de um núcleo urbano cercado por terras destinadas ao
cultivo.
Tendo
uma organização política descentralizada, cada um desses polos urbanos era
controlado por um sacerdote auxiliado por um conselho de anciãos. Este chefe
político era conhecido como patesi e tinha como tarefas primordiais a
organização da população, o controle dos exércitos, a cobrança de impostos e a
construção das obras hidráulicas e templos. O uso das terras era feito de
maneira coletiva, já que os sumérios acreditavam que elas pertenciam aos
deuses.
Paralelo
ao desenvolvimento agrícola, os sumérios também foram capazes de firmar
relações de comércio com outros povos da Antiguidade. O controle dessas
atividades foi possível com o auxílio da escrita cuneiforme, concebida a partir
da gravação de símbolos em blocos de argila posteriormente expostos à luz solar
ou levado para uma fornalha. Esse código escrito, além de ter fins econômicos,
também permitiu a criação de uma rica literatura, repleta de mitos, narrativas
históricas, leis, fábulas e provérbios.
A
autonomia política de cada uma das cidades sumerianas pode ser compreendida
através dos vários conflitos envolvendo diferentes núcleos. Enquanto se
desgastavam com a realização dessas batalhas, os povos semitas ocuparam regiões
próximas da Suméria, formando a civilização acadiana. Por volta de 2400 a.C.,
conseguiram impor a sua hegemonia sob as cidades-Estado sumerianas. Já em 2330
a.C., o rei acadiano Sargão I promoveu a unificação da porção centro-sul da Mesopotâmia.
O
período de ascensão do império acadiano foi relativamente curto, pois diversas
tentativas de invasão militar enfraqueceram seriamente sua unidade política e
territorial. Em 2180 a.C., os gutis – originários das montanhas da Armênia –
empreenderam uma grande ofensiva contra várias cidades mesopotâmicas. Somente a
cidade de Ur conseguiu reagir contra os gutis e impor sua dominação.
Entretanto, por volta de 2000 a.C., os povos elamitas deram fim à supremacia
acadiana. Por Rainer Sousa
Mesopotâmia:
região povoada por uma grande diversidade de civilizações.
A
região entre os rios Tigre e Eufrates foi o berço de diversas das civilizações
desenvolvidas ao longo da Antigüidade. O aparecimento de tantas culturas nessa
região é usualmente explicado pela fundamental importância dada aos regimes de
cheias e vazantes que fertilizavam as terras da região. Ao longo desse
processo, sumérios, assírios e acádios criaram vários centros urbanos, travaram
guerras e promoveram uma intensa troca de valores e costumes.
Segundo
alguns estudos realizados, a ocupação dessa parcela do Oriente Médio aconteceu
aproximadamente há 4000 a.C., graças ao deslocamento de pequenas populações
provenientes da Ásia Central e de regiões montanhosas da Eurásia. Cerca de um
milênio mais tarde, os povos semitas também habitaram essa mesma região. Já
nesse período, a Mesopotâmia possuía um expressivo conjunto de cidades-Estado,
como Nipur, Lagash, Uruk e Ur.
Essas
primeiras cidades são parte integrante da civilização sumeriana, tida como a
primeira a surgir no espaço mesopotâmico. Dotadas de ampla autonomia política e
religiosa, essas cidades viveram intensas disputas militares em torno de
regiões férteis da Mesopotâmia. Nesse meio tempo, os semitas foram ocupando
outras áreas onde futuramente nasceriam novos centros urbanos. Entre as cidades
de origem semita, damos especial destaque a Acad, principal centro da
civilização acadiana.
Nesse
período de disputas e ocupações podemos observar riquíssimas contribuições
provenientes dos povos mesopotâmicos. Entre outros pontos, podemos destacar a
criação de uma ampla rede comercial, códigos jurídicos, escolas, conhecimentos
matemáticos (multiplicação e divisão), princípios médicos, a formulação da
escrita cuneiforme e a construção dos templos religiosos conhecidos como
zigurates. Por volta de 2350 a.C., os acadianos, liderados por Sargão,
dominaram as populações sumerianas.
Em
1900 a.C., a civilização amorita – povo de origem semita – criou um extenso
império centralizado na cidade de Babilônia. Hamurábi (1728 – 1686 a.C.), um
dos principais reis desse império, foi responsável pela unificação de toda a
Mesopotâmia e autor de um código de leis escritas conhecido como Código de
Hamurábi. Esse conjunto de leis contava com cerca de 280 artigos e determinava
diversas punições com base em critérios de prestígio social.
Por
volta de 1300 a.C. o Império Babilônico entrou em decadência em resultado da
expansão territorial dos assírios. Contando com uma desenvolvida estrutura
militar, esse povo ficou conhecido pela violência com que realizavam a
conquista de outros povos. As principais conquistas militares do Império
Assírio aconteceram nos governos de Sargão II, Senaqueribe e Assurbanipal. Com
o passar do tempo, esse opulento império não resistiu às revoltas dos povos por
eles mesmos dominados.
No
ano de 612 a.C., os caldeus empreenderam uma vitoriosa campanha militar que deu
fim à hegemonia dos assírios. A partir dessa conquista ficava registrada a
formação do Segundo Império Babilônico ou Neobabilônico. O auge desta nova
hegemonia na Mesopotâmia ficou a cargo do Imperador Nabucodonosor II. Em seu
governo, importantes construções, como a Torre de Babel e os Jardins Suspensos,
representaram o notável progresso material dessa civilização.
Em
539 a.C., durante o processo de formação do Império Persa, os babilônios foram
subordinados aos exércitos comandados pelo imperador Ciro II. Essa conquista
assinalou o fim das grandes civilizações de origem mesopotâmica que marcaram a
história da Antigüidade Oriental. Por Rainer Sousa Graduado em História Equipe
Brasil Escola
AS RELAÇÕES ENTRE AS CIVILIZAÇÕES
1)Durante
mais de três mil anos depois que as civilizações emergiram pela primeira vez,
com algumas exceções, não houve contatos entre elas ou os contatos foram
limitados ou intermitentes e intensos. As civilizações estiveram separadas pelo
tempo e pelo espaço.
2)As
civilizações também estavam separadas geograficamente. Entretanto as
comunicações e as relações comerciais eram restringidas pelas distâncias que
separavam as civilizações e pelos limitados meios de transporte disponíveis
para superar as distâncias.
3)As
idéias e a tecnologia passaram de civilização para civilização, mas isso
freqüentemente demandou séculos. Talvez a difusão cultural mais importante que
não resultou de conquista tenha sido a disseminação do Budismo para a China,
que ocorreu cerca de 600 anos após sua origem na Índia setentrional. A imprensa
foi inventada na China no século VIII d.C. e os tipos móveis no século XI,
porém essa tecnologia só chegou à Europa no Século XV. Outra invenção chinesa,
a pólvora, que ocorreu no século IX, disseminou-se para os árabes algumas
centenas de anos depois e atingiu a Europa no século XIV.
4)Os
contatos mais espetaculares e significativos entre as civilizações se deram
quando povos de uma civilização conquistaram e eliminaram ou subjugaram os
povos de outra. A maioria das interações comerciais, culturais e militares se
deu dentro de uma mesma civilização.
As
grandes civilizações que surgiram na antiguidade e criaram tudo o que nós temos
hoje, foram as grandes percussoras de culturas e patrimônio que hoje
desaparecem em todo o planeta, como é o caso dos Incas, que somem sem vestígio
nenhum de sua cultura no mundo.
As
grandes civilizações da antiguidade foram responsáveis pelas grandes terras e
reinos de um tempo glorioso da nossa história, e as maiores civilizações
fundaram seus reinos em países que hoje são a Grécia, Itália, Egito e Iraque.
Abaixo pra deixar sua pesquisa mais completa nos temos algumas informações das
maiores civilizações da antiguidade.
CIVILIZAÇÃO GREGA –
3.000 a.C – 200 d.C – Grécia e Mar Egeu.
Fundou
a Democracia, Matemática, teatro, Artes e eram excelentes guerreiros e
marinheiros. Cidades principais Atenas e Esparta. Sociedade politeísta.
CIVILIZAÇÃO EGIPCIA –
4.000 a.C – 50 d.C – Egito e Canal de Suez
Regime
de Faraós, grandes construtores e astrônomos. Construíram um reino fértil as
margens do Rio Nilo, com suas Pirâmides e sociedade em camadas. Cidades
principais Memphis e Cairo. Sociedade Politeísta.
CIVILIZAÇÃO ROMANA –
IMPÉRIO ROMANO – 2.000 a.C – 600 d.C – Roma e toda Europa e Ásia Ocidental,
parte da África.
Responsáveis
pelo maior império do mundo, com imperadores como César, Augusto e Nero.
Contribuíram muito para as artes e a fusão de várias culturas. Cidades
principais Roma, Vaticano, e todas as capitais tomadas por eles. Sociedade
Politeísta que mais tarde se tornaria Cristã.
CIVILIZAÇÃO MESOPOTAMICA –
IMPÉRIO PERSA – 3.000 a.C – 400 d.C – Ásia Menor, Babilônia e Ásia até a Índia.
Chefiada
na sua era de ouro por Alexandre o grande, foi o Império que mais se estendeu
pelo mundo, só fracassando nas terras geladas da Índia e China. Alexandre foi
responsável por unir dois impérios ao seu, e quase derrubou o império romano.
Conquistou o Egito, a Grécia, a Ásia Menor, o Afeganistão, parte da Rússia e
metade da Ásia.
Cidades
principais Babilônia, Alexandria e Atenas. Sociedades de varias culturas
diferentes.
7 mentiras sobre a civilização _ por Ran Prieur
1-
Progresso.
A mentira sobre o "progresso" não é a de que
ele é bom , ou inevitável, mas é o fato de que ele existe, de que sempre temos
experienciado tal coisa como uma linha reta, uma única direção, ilimitado, uma
mudança positiva. Devemos pensar que temos, porque "progresso" é a
mentira central de nossa cultura e existem ilusões e fantasias sobre isto em
todos os lugares:
Existe o sistema escolar, onde vamos das series baixas
para as maiores - Porém esta elevação não real, é apenas uma historia para
contar, e a mudança é apenas para nos fazer melhor encaixados no sistema
dominante, assim como negociamos a experiência por historias rígidas, intuição
por intelecto, diversidade por uniformidade, independência por obediência, e
espontaneidade pelo previsível. Então
temos o sistema de trabalho assalariado, onde supostamente vamos de posições
baixas para posições altas, mas poucos conseguem, e de qualquer maneira
"alta" significa exatamente que o sistema dominante tem um controle
firme de nossa atenção, de nossos valores, de nossas almas. Então temos a
história da tecnologia, onde as mudanças são declaradas "melhores"
quando seus efeitos são para aumentar nossa impetuosa força transformadora
sobre o mundo enquanto também aumenta nosso distancia emocional, ou para nos
fazer mais dependentes de especialistas, ou para rodear mais e mais os humanos
com as coisas que os humanos tem criado, um processo que Jerry Mander
identificou como " psychic inbreeding" (algo como "procriação
psíquica", N do T). Um local profundo em nossa "procriação
psíquica" é o mundo dos jogos de computadores, jogos que muitas vezes sem
exceção são construídos sobre o mito do progresso, nos treinando para nos
auto-medicar com dopaminas para visões de poder cada vez mais crescentes, e assim
nos deixando desligados com uma vitória no lugar de nos mostrar como este tipo
de historia realmente termina.
Na realidade, nada se torna "melhor", mas
apenas mudam as suas relações, e uma mudança nas relações que negocia a
consciência e a colaboração para a desconexão e dominação não é irreversível
mas sim insustentável, não ilimitado e sim auto-limitado, não positivo e sim
destrutivo.
2-
Evolução
Não existe disputa nos registros fósseis, no qual a vida
tem se transformado muitas vezes. A mentira é em projetar o mito
"progresso" em tais mudanças, declarar que tais mudanças seguem uma
simples linha em uma única direção, e sempre para "melhor". Este é um
argumento muito difundido, onde nossa insanidade coletiva empurra uma mascara de
si mesma no mundo biológico para se justificar. Na realidade as mudanças
biológicas não são como a mentira do "progresso" - As mudanças
biológicas partem para diversas direções, com populações crescendo e
diminuindo, com os organismos se tornando pequenos ou maiores, se movendo da
água para terra, e da terra para a água. E nada se torna "melhor" a
não ser fato de que as espécies se adaptam melhor ao seu ambiente, e numa
ausência de catástrofes a totalidade da vida se torna mais diversa e complexa.
Mas de ambas maneiras, os humanos civilizados tem feito o oposto! Não nos
adaptando neste vasto mundo mas alterando o mundo para ajusta-lo a nós mesmos,
e também alterando a nós mesmos para nos encaixarmos nas nossas mesquinhas
fantasias culturais. E não estamos aumentando mas diminuindo a diversidade e
complexidade do todo, levando as espécies a extinção e exterminando ou
assimilando as sociedades humanas em uma monocultura global uniforme.
Então de qualquer maneira que você classifica a historia
biológica na terra, a civilização não é uma extensão de tal história mas uma recusa, uma catástrofe.
3- Tudo
é Natural
Felizmente a maioria da pessoas reconhecem que isto é uma
distração pseudo filosófica simplória, mas de qualquer maneira quero
derrubá-la, O argumento se apóia numa distorção semântica, uma redefinição do
"natural" para incluir absolutamente tudo porque assim eu digo. A
civilização é natural porque humanos são animais, o lixo tóxico é natural
porque é derivado de coisas que surgem na terra, blá blá blá
As pessoas não usam a palavra "natural" desta
maneira. Talvez seja "natural" eu pegar um porrete e esmagar a sua
cabeça, mas você preferiria que eu não fizesse isso, então você define palavras
como "assassinato" para expressar e defender esta preferência. Da
mesma maneira, as pessoas definem "natural" para expressar e defender
suas preferencias por árvores vivas do que por árvores de plástico, campos no
lugar de estacionamentos, rios de águas potáveis no lugar de rios de dioxinas.
Isto é o que "natural" realmente significa, e se você não quiser
morrer de câncer e transformar a terra num deserto envenenado, temos a
responsabilidade de separar linguisticamente o natural do não-natural e optar
pelo o natural muitas vezes durante um dia. Se você quer uma exata definição,
"natural" significa simbiose com a natureza, e natureza significa a
totalidade da vida simbiótica na Terra, e simbiótico significa formas de
relações que são mutuamente benéficas e também benéficas para o todo, onde o
benefício amplo toma prioridade. Definir "benefício" empurra os
limites de nossa linguagem empobrecida, mas eu venho a dizer que
"beneficio" significa gerar autonomia e diversidade de vida. E se você não sabe o que significa vivo ,
procure saber mais.
4- A
Tecnologia é Neutra
De todas as mentiras acerca da civilização, esta é a mais
traidora, a mais desafiadora para refutar, a mentira que mais enfraquece o
entendimento das pessoas, uma vez que poderiam saber melhor. É uma tamanha
mentira que é difícil de lhe dar com ela, é tão auto-referencial que é difícil
estar fora disso, e estar fora disso não é uma questão de aprender um simples
argumento, mas antes aprender um modo de pensar totalmente diferente e
complexo.A mentira tem duas formas que são comumente indistinguíveis juntas.
Uma diz que a tecnologia como um todo é neutra, onde a "tecnologia"
deve ser convertidamente definida como tecnologia industrial moderna. A outra
forma diz que cada tecnologia em particular é neutra. Minha estratégia é atacar
a segunda e fazer a primeira parecer tola declarando que nenhuma tecnologia em
particular é neutra, que cada técnica, tecnologia e ferramenta tem seu próprio
direcionamento de motivos e relações.
Primeiro, eu quero expor a singularidade desta definição
interna de "neutro". Uma coisa é "neutra" se você pode contar
um história de que como tal coisa pode ser boa e outra história sobre como pode
ser má. Quando usamos esta definição na vida real? Podemos dizer que um Serial
Killer é neutro porque além de estuprar e matar uma mulher ele paga seus
impostos e
as vezes ele é gentil com as pessoas? Se você trabalha
numa fábrica durante o dia para aprender como sabotá-la durante a noite, você é
neutro para a fabrica porque você ajuda e a daninfica? Se meu país vende armas
para dois outros países que estão em guerra, então eles se destruirão um ao
outro e meu país enriquece, isto conta como neutro? É claro que não! Mas estes
são os mesmos tipos de argumentos ridículos que as pessoas usam para declarar
que a tecnologia é neutra; A televisão é neutra porque ela não apenas nos faz
consumidores passivos de uma cultura uniforme sujeita a um controle central,
ela pode transmitir informações úteis. Uma represa é neutra porque enquanto ela
submerge ecossistemas e bloqueia o percurso dos peixes, ela também faz
eletricidade. Mesmo as bombas atômicas são neutras se você pensar em alguma
história absurda sobre como fazer o bem com ela.O próximo nível de decepção é
dizer que é o "modo que usamos" uma tecnologia que é importante. Por
exemplo, carros são neutros porque/conseqüentemente você pode usá-los para ir
de um lugar ao outro, ou para atropelar intencionalmente alguém. Mas como
Jacques Ellul colocou, a ultima não é um uso - é um crime. Chamar isto de uso
nos ilude ao colocar
nossa perspectiva num espaço artificial entre o uso
normal de carros e um crime, no lugar de
coloca-la onde pertence - exatamente no extremo pretensioso uso normal de um
carro. Mesmo se ignorarmos a exploração dos "recursos", a deslocação
ou assassinato de povos indígenas, e o lançamento de toxinas exigidos para a
manufatura e abastecimento de carros, mesmo se ignorarmos as milhões das mortes
por acidentes de carro e a emissão de afluentes tóxicos, e o olharmos os carros
como ferramentas de consumo, ainda podemos ver seus efeitos problemáticos: nos
movendo rapidamente de lugar para lugar, o carro insere a distancia em nosso
ambiente físico, e o espaço nessa distancia será largamente preenchido com ruas
e estacionamentos para conter todos os carros. Aslfato assassino da Terra,
expansão urbana, são praticamente inerentes
a tecnologia do automóvel. também, por razões complexas, velocidade para além
de certa lentidão atualmente aumenta a permuta do tempo.
Uma vez que certa distância tenha sido inserida, você
precisa de uma carro para fazer qualquer coisa. para exagerar um ponto que Ivan
Illich fez, se você mora em Los Angeles você pode muito bem cortas suas pernas
fora.
Livre-se dos carros, e nem tente caminhar 40 milhar por
dia nas avenidas - arrancaremos o concreto e construiremos nossas comunidades
de forma que todas as necessidades se supram no tempo de uma caminhada. Assim
passa-se menos tempo viajando para ir ao trabalho, libera-se todo o tempo e
energia que é direcionado aos carros, recupera-se a autonomia através da
possibilidade de usarmos nossas próprias pernas. Isso também repercute na
melhoria de nossos relacionamentos. Pois os carros nos fazem deslocar diante
das coisas a uma velocidade tão alta, já que nos cercam, isolando-nos da
realidade que nos cerca, das outras pessoas e da natureza, impossibilitando-nos
de estabelecer relacionamentos profundos com pessoas distantes. Sem esses
carros nos relacionamos diretamente e freqüentemente com o que estiver na nossa
frente; conhecendo nossos vizinhos e a terra. Poderia-se apresentar argumentos
similares em relação aos computadores, televisão, eletricidade, inclusive a
linguagem escrita. Mas a questão não é simplesmente rejeitar inteiras
categorias de tecnologia, mas aprender a enxergar as alianças e motivações
ideológicas que são inerentes à tecnologia, apesar de sua
"utilidade", e praticar, incluir ou rejeitar com base nesse
entendimento.
5. Não
Podemos Voltar Atrás
Como a mentira anterior, esta é puramente uma doutrina
religiosa - mas esta mentira é claramente refutada pelas ruínas das
civilizações antigas ao redor do mundo da qual as pessoas "voltaram
atrás", e por sorte ou por indivíduos excepcionais através da história que
abandonaram o sistema e se direcionaram para perto da natureza. Em um sentido,
de qualquer maneira, é verdade: as sociedades exploradoras não tem marcha ré e
apenas podem escalar até o colapso. Para evitar pensar claramente sobre isto,
podemos contar a nós mesmos a próxima mentira:
6. O
Futuro Tudo-ou-Nada
De acordo com esta
historia existem apenas duas possibildades: a civilização industrial continuada
ou o fim total do mundo. A continuidade da civilização geralmente significa o
uso contínuo de máquinas para transformar as relações em dominação e
auto-consumo. Para os tecnófilos isto poderia significar a mineração em outros
planetas ou se aprofundar numa realidade virtual; para os liberais pode ser a
tomada de uma idealizada versão da classe media alta num pais rico nos finais
do século XX, estendido para o mundo todo, e se mantendo indefinidamente
através do controle central mecânico. E supondo que nossa civilização caia (nem
pense nisso!) teremos nada menos do que um horrível esquecimento absoluto no
qual podemos apenas discutir em termos de o que "devemos" fazer para
evitar isto. As pessoas expressam isto com insanos pronunciamentos vagos como:
Se não reduzirmos as emissões de gases de efeito estufa em 50% em dez anos,
será tarde demais".Tarde demais para o que?
A realidade obvia é que as sugestões reformistas são
politicamente impossíveis e insuficientes, que nossa civilização é um trem desgovernado
que não irá diminuir a marcha até que saia dos trilhos, e que o futuro atual
será aprofundado nas regiões que estamos esquecendo de considerar. A extinção
de 95% das espécies incluindo os humanos não é um horror impensável, mas sim
uma possibilidade específica que podemos pensar com precisão. Uma possibilidade
moderada é um cenário Mad Max onde alguns humanos sobrevivem num planeta terra
semi-morto. Moderado ainda seria um descentralização política e uma recuperação
ecológica como a tão chamada idade media na Europa após a queda de Roma. Meu
argumento é que podemos influenciar isto! Nossos sonhos e ações podem afetar
que tipo de mundo para qual nós iremos, Mas não podem possivelmente manter o
mundo em que estamos.
Esta chegando um momento no incêndio em que você para de
tentar salvar a casa inteira e passa a salvar o que se pode. O propósito da
mentira tudo-ou-nada é bloquear esta mudança de mentalidade, para manter toda
nossa atenção canalizada em seja salvando o mundo como conhecemos , ou o abandonado.
Se compreendermos que mundos radicalmente diferentes são possíveis e que alguns
estão vindo realmente a acontecer, se começarmos a imaginar e construir
competidores vigorosos a civilização industrial, iremos danificar a
"economia" e danificar especialmente os sentimentos das pessoas que
tem investido seus egos na cultura dominante. Uma outra maneira que se protejam
tais egos é com a seguinte mentira:
7- A
civilização já ocorreu antes
Esta idéia peculiar é similar a anterior, mas a cegueira
que ela impõem não é para outros sistemas não civilizados, mas para outras
civilizações. A versão pró-civilização diz que esta é nossa única direção,
colonizar o espaço e que quer que seja, e a versão anti-civilização diz que se
nós podemos por abaixo a presente civilização , nada como isto irá acontecer
novamente. Eu não sei de onde as pessoas vem com essas idéias, ao menos que
eles saibam algo que eu não sei sobre a vinda de uma transformação da nova-era
da consciência humana. A dura lição da história é que cada civilização em
particular cai enquanto a civilização em geral continua existindo.
Eu defino civilização geralmente como uma aliança entre a
consciência de domínio e técnicas de exploração, criando uma sociedade que
sistematicamente toma mais do que oferece. Sim, o petróleo irá acabar, mas as
civilizações tem surgido e desaparecido por milhares de anos sem o petróleo, e
não vejo razão para que não aconteça de novo. O modelo geral pode funcionar ,
se necessário, em nada mais do que nas forças dos músculos de escravos e de
animais domesticados. E quando você
adiciona todo o metal e ferragens que estarão por ai, e os hábitos persistentes
de nossa época, e qualquer conhecimento técnico que seja preservado, é obvio
que parece que teremos civilização por ai - para participarmos ou para
resistirmos - ao menos que sejamos extintos ou mudamos para algo completamente
diferente.
Civilização Avançada
Nunca
houve civilização tão avançada quanto a atual?
Por
força de diversos indícios e algumas evidências, que não convém indicar aqui
por não ser o objeto da presente análise, postulo que houve outras civilizações
avançadas antes da atual. Mas ao defender tal idéia, me deparo com uma crença
generalizada de que “nunca houve civilização tão avançada quanto a atual”. É
esta a certeza que pretendo abalar.
Antes
de abordar o assunto propriamente dito, é preciso compreender melhor o que
significa a expressão “civilização avançada”. Quais são os reais argumentos
escondidos por trás de tais palavras enganosas?
Civilização
representa um estado de adiantamento cultural e social específico, enquanto
avançada significa adiantada. Então, devemos admitir que a civilização é
caracterizada pela cultura e o avanço requer um ponto de referência inicial.
Quando
se fala em civilização avançada, estaríamos, intencionalmente ou não, nos
referindo a uma cultura mais adiante, e se este adiante for no tempo, somos
pegos numa armadilha, pois ao desenrolar do tempo uma civilização é sempre mais
e mais avançada do que era no dia anterior, mesmo que esteja em plena
decadência até o ponto de desaparecer. Busquemos, então, outra referência para
este “avanço”, digamos em termos de resultado. Isto parece satisfatório, uma
civilização mais avançada seria a que oferecesse melhores resultados. Porém,
somos pegos noutra armadilha, uma vez que os resultados só são mensuráveis a
partir da definição de metas, e as metas só podem ter sua relevância julgada a
partir da escala de valores de uma determinada cultura. O que é, então, uma
civilização avançada se não aceitarmos uma definição que não se converta na
presunção de que “somos os melhores porque nos aproximamos mais daquilo que
consideramos que deva ser buscado”?
Melhor
abandonar a busca de um significado sensato para a expressão “civilização avançada”
e tentar deduzir o que as pessoas pensam quando usam tal expressão. E aqui, nos
dividimos basicamente em dois grupos: 1) os que consideram que o ser humano é
mais ético do que era antes; 2) os que consideram que a tecnologia nos permite
realizar muito mais do que antes.
Cada
consideração nos remete a uma pergunta específica: 1) O ser humano é, de fato,
mais ético do que antes?; 2) podemos realizar hoje, com nossa tecnologia, mais
do que no passado?
Em
se tratando de ética, já é necessário ressalvar de início que conceitos éticos
flutuam ao sabor dos valores sociais. Mas, fazendo uma força extrema para
considerar que alguns valores podem ser considerados perenes, uma vez que são
comuns a diversas épocas e culturas, podemos analisar a suposição de que a
sociedade atual é mais ou menos ética do que no passado.
Quais
os valores fundamentais? O respeito à vida? O respeito à liberdade? O direito à
livre-expressão? A auto-determinação dos povos?
A
civilização, em seu estado atual, é marcada pela violência, mais que no ano
3.500 A.E.C. (Antes da Era Comum) e não menos que em qualquer data posterior ao
ano zero (E.C.), considerados em conjunto a violência urbana, a pirataria, a
guerra, o terrorismo, ditaduras como a chinesa, intervenções noutros Estados
sem o apoio da comunidade internacional, como a norte-americana e violações aos
direitos humanos como, novamente, no caso norte-americano, para não entrar em
assuntos ainda mais polêmicos, como a vivisecção de cobaias até mesmo em
escolas primárias e os maus tratos a animais em nome da ciência, da alimentação
humana ou do lazer.
Não,
neste sentido não me parece termos avançado um só passo em relação ao início da
atual civilização.
Então
resta analisar o último argumento: onde estão os arranha-céus, os satélites artificiais,
os prodígios da biotecnologia de uma civilização anterior à atual? Não somos o
máximo?
Ora,
nossa civilização é o resultado de nossos valores, e nossos valores são nossos,
não de outras civilizações. Se usamos concreto e aço para construir arranha-céus,
nos orgulhando deles, civilizações passadas poderiam se orgulhar de construir
cidades perfeitamente conjugadas com a natureza, de construir cidades que, uma
vez abandonadas, seriam degradadas pela própria selva. E tal suposição não é
leviana, pois representa uma característica comum a diversos povos antigos.
Lembro que os celtas chegavam a determinar um tamanho ótimo da população de uma
cidade, e a cada vez que a população dobrava de tamanho, metade dela deixava a
cidade e buscava outro lugar para fundar uma nova. Assim, mesmo sem serem
nômades, ocuparam praticamente toda a Europa. E o que dizer dos jardins
suspensos da Babilônia? Não indicam a vontade de compatibilizar arquitetura e
natureza assim como as pilastras egípcias com desenhos de flores de lótus e de
papiros?
Mas
retornando à pergunta, será que nossa tecnologia veio crescendo a ponto de hoje
podermos fazer muito mais que no passado?
Discordo.
Em primeiro lugar, não sabemos o que foi feito no passado e para onde apontavam
as metas de nossos ancestrais. Não sabemos quais remédios tinham, nem que
equipamentos utilizavam, mas a tecnologia do século XX não foi suficiente para
carregar PEDRAS de templos que foram submersos sob as águas da Usina de Assua
sem que fossem partidas em pedaços menores; o milho que hoje comemos foi
geneticamente modificado em algum ponto do passado que se perdeu na história,
não nascendo espontaneamente na natureza; povos como os dogons, em Mali, já
dispunham por tradição de informações específicas sobre as estrelas Sírus A, B
e C, sendo que só Sírius A é visível a olho nu e Sírius C só foi conhecida pela
ciência em 1995.
Para
uma civilização que se considere no ápice e ainda crescendo, não deveriam poder
e saber mais que relíquias de tempos idos e esquecidos?
Mas
não poderia encerrar este texto sem uma terceira opção para definir
“civilização avançada” que nos fosse útil, muito embora reconheça ser
indissoluvelmente mesclada a um credo filosófico-religioso.
Como
bruxo, considero que evoluir espiritualmente é ordenar como prioridades as
conquistas de natureza ESPIRITUAL acima das de natureza material. Em
conseqüência, civilização avançada seria aquela caracterizada pelo respeito e
cuidado com a matéria, mas sob o serviço dos valores mais elevados.
O
que vemos hoje é o contrário disto. Nunca, na história da humanidade, o ser
humano foi mais materialista que hoje. Nunca tantos se dedicaram tanto a
acumular, em prejuízo de sua saúde, de sua família, de seu aprendizado, de sua
honra, até mesmo de seu prazer de qualquer espécie. Nunca o consumismo chegou
até a mais humilde das classes sócio-econômicas, pois hoje o mais pobre dos
pobres está sujeito ao apelo do material, ao consumo pregado na mídia, no
palanque eleitoral, no dia-a-dia nos mais diversos lugares, adentrando até mesmo
algumas instituições religiosas e sociedades secretas de cunho esotérico.
Tudo,
inclusive as pessoas, se transformam em máquinas de fazer e ganhar dinheiro, e
quem não tiver tal potencial é posto à margem da sociedade. Filhos são
calculados em cifras, como nunca antes, o quanto custam para os pais, o quanto
custam para a cidade, o estado e o país. Povos são destruídos em nome da busca
por insumos para a indústria, países invadidos em busca de petróleo e da venda
de armamentos, vidas são destruídas em busca de bens e serviços que, no fundo,
só servem para garantir o status do consumidor.
Mesmo
a vida é vendida, a longevidade tem um preço para a farmácia, outro para o
médico, para o hospital, para as enfermeiras, para editores de livros que
ensinam o que mais você precisa comprar e consumir para chegar aos 100 anos de
idade sem sobressaltos.
Considerando
o quanto o apego à matéria se institucionalizou, se dizemos que esta
civilização é avançada, prefiro entender que ela esteja muito entrada em anos,
muito além de onde deveria ter chegado.
Lutas na esquipe
22/06/2009 _ Rita _ 10:30hs
SENSIBLIZAÇÃO: A Well's Dairy, em LeMars, Iowa (EUA),
tem 3 mil funcionários e vende o sorvete Blue Bunny em todo o mundo. A recente
consolidação da indústria impôs um desafio. Em 2002, os maiores revendedores
disseram que transportariam somente produtos de grandes fabricantes. Segundo
Tom Posey, vice-presidente de capacidade organizacional, para ser viável em
longo prazo, a empresa deveria estar entre as três maiores do ramo, o que
significava elevar vendas, desenvolver uma rede de distribuição eficiente e um
controle rigoroso das finanças.
Um dos maiores
desafios enfrentados pela equipe executiva recém-constituída foi encontrar
meios para resolver conflitos. Num esforço para tornar a rede mais eficiente, a
companhia introduziu um novo sistema de armazenamento dos estoques e redefiniu
procedimentos para o transporte de produtos. Porém, conflitos internos da
equipe executiva representavam um detalhe crítico que nunca seria resolvido sem
um treinamento coletivo. Motoristas não encontravam os produtos de que
necessitavam e eram obrigados a multiplicar as viagens para o carregamento de
seus caminhões. Ao perceber que a equipe precisava de ajuda profissional, Posey
levou um instrutor do Centro de Lideranças Criativas de Greensboro, Carolina do
Norte. Em seis meses, os membros da equipe aprenderam a administrar os
conflitos, o que resultou em decisões melhores e mais rápidas. As vendas
aumentaram, a empresa conquistou maior participação de mercado, e os
integrantes desafiam-se abertamente.
As pessoas não
entendiam por que seus colegas reagiam de um determinado modo. Para preencher
essa lacuna de conhecimento, instrutores propuseram aos membros da equipe da
Wells' Dairy estimativas determinadas por eles mesmos, como avaliação de
qualidade. O instrutor dividiu as descobertas com o grupo, destacando como os
conflitos e as transformações na empresa podem ajudar ou atrapalhar o processo
de produção. Depois que todos os integrantes do time executivo da WellsDairy
realizaram avaliações, o instrutor mediou a discussão sobre o impacto de
diferentes personalidades no dia-a-dia.
Estamos em meados do ano de 2.009 e já começamos a nos preocupar com o que
poderá acontecer em 2010, que aparentemente exigirá muito trabalho de todos
nós, principalmente daqueles que ainda tiverem trabalho. Não sou pessimista,
muito pelo contrário. Sou uma pessoa que confia na capacidade de construirmos
um mundo melhor e na superação de qualquer dificuldade.
Vamos passando por mais uma crise. Entre as manchetes diárias das cotações
e as inúmeras previsões dos economistas de plantão, ficamos estupefatos com a
queda do Airbus, maravilhados com o desempenho impensável da Susan Boyle (e ela
mais ainda com o inesperado sucesso) e preocupados o tempo todo com o futuro
das nossas carreiras e empresas.
Porém, segundo os governantes, analistas financeiros, empresários e outros
representantes da sociedade, é muito grave a atual crise. Podemos estar
entrando numa crise sem precedentes na história de nossa civilização. Por quê?
Porque não temos a menor idéia do que vamos enfrentar e ninguém viveu algo
parecido em complexidade e dimensão.
Todo o Brasil vivia até poucos meses atrás uma expectativa de que, enfim,
iniciávamos um período de grande crescimento econômico depois de tantos anos
ouvindo que éramos o país do futuro. E tudo levava a crer que o futuro se
tornara presente. Ledo engano. Mais uma vez vimos nossas esperanças virarem pó,
e o presente novamente virou futuro.
Ouvi de amigos o comentário de que saímos do céu para o inferno sem escala.
Em poucos dias a euforia transformou-se em depressão e as pessoas começaram a
temer pelo seu futuro. Desinformação, informações incorretas ou exageradas
criaram um pânico generalizado que transformou as Bolsas de Valores de todos os
países em montanhas-russas, com oscilações absurdas e perdas estratosféricas
para toda a sociedade.
Acredito que sim, temos que repensar o nosso modelo mental, reformulando
nosso plano de vida diante dessa nova perspectiva e desse cenário. Não será
fácil até por que há um número muito grande de pontos e possibilidades ainda
desconhecidos de todos nós.
Essas mudanças exigirão muita determinação, dedicação, coragem, trabalho e
fé em nós mesmos e nos outros. Teremos que aprender a compartilhar mais, a
dividir com quem mais precisa, e a olhar com novos olhos, considerando agora
mais os interesses comuns e menos os individuais.
Não há espaço para atitudes mesquinhas nesta hora de grandes perdas. A
união de todos na busca por melhores soluções é que permitirá que possamos sair
dessa crise com mais experiência, organização e, principalmente, mais preparado
para construir um mundo melhor e mais justo, um mundo sustentável. É isso que
vai nos permitir começar uma nova fase na história da humanidade.
O caos pode ser criativo, dando origem a
outra ordem diferente e melhor. A crise teria, portanto, uma função
purificadora, abrindo espaço para uma outra oportunidade de produção e de
consumo.
Não precisamos recorrer ao ideograma chinês
de crise para saber de sua significação como risco e oportunidade. Basta
recordar a sânscrita matriz das línguas ocidentais.
Em sânscrito, crise vem de "kir"
ou "kri" que significa purificar e limpar. De "kri" vem
também crítica que é um processo pelo qual nos damos conta dos pressupostos,
dos contextos, do alcance e dos limites seja do pensamento, seja de qualquer
fenômeno. De "kri" se deriva, igualmente, crisol, elemento químico
com o qual se limpa ouro das gangas e, por fim, acrisolar que quer dizer
depurar e decantar. Então, a crise representa a oportunidade de um processo critico,
de depuração do cerne: só o verdadeiro fica, o acidental cai sem
sustentabilidade.
No campo da Psicologia, em particular da Psicologia do Desenvolvimento, o
conceito de crise é explicado como toda a situação de mudança a nível
biológico, psicológico ou social, que exige da pessoa ou do grupo, um esforço
suplementar para manter o equilíbrio ou estabilidade emocional. Corresponde a
momentos da vida de uma pessoa ou de um grupo em que há ruptura na sua
homeostase psíquica e perda ou mudança dos elementos estabilizadores habituais.
Todos nós temos os
momentos de crises, as fases mais difíceis. A vida vai seguindo seu curso, tudo
correndo normalmente, até que chega um momento em que os problemas aumentam. A
dificuldade se intensifica, acontecem surpresas desagradáveis: é a hora da
crise. Pode ser uma doença grave, reveses financeiros, dificuldades de
relacionamento, perda de entes queridos, seja pela desencarnação, ou por
abandono de uma das partes, o lar desfeito, etc. Quem vive tranqüilamente, sem
maiores dificuldades, deve se preparar para os momentos difíceis, que
certamente chegarão. Sim, porque todos passamos ou passaremos por eles. Até
mesmo aquele que parece indene a tais dificuldades, da morte do corpo, ou seja,
da desencarnação, ninguém escapa. E o momento da passagem para o outro plano da
vida certamente se constitui num momento difícil, num teste sério.
A crise é como a
prova que o estudante faz para ser promovido a um estágio superior. Durante o
ano letivo, o estudante trabalha com as matérias do programa, recebe a
orientação dos professores, tem todas as oportunidades para se preparar para o
dia da prova. Realiza exercícios, participa das aulas, faz pesquisas, enfim tem
toda a liberdade e apoio para realizar o aprendizado. Porém, no momento do
teste, deverá demonstrar o que aprendeu. Não poderá valer da ajuda de colegas,
nem recorrer a fontes de consulta, nem a apontamentos.
As crises da vida
são assim como a prova referida, como esse teste a que o estudante se submete.
E vale notar que assim como o teste na escola, ou uma prova num concurso, é
realizado para uma promoção, para o bem do candidato; assim também os testes da
vida ocorrem para o bem, para o progresso da criatura. Sua finalidade é o
aperfeiçoamento do Espírito, fazer com que ele ganhe mais confiança em si mesmo
e em Deus; conquiste uma situação melhor.
E como reagimos a
esses testes, às crises da vida? O candidato que se submete a um concurso para
obter um emprego, e o estudante que faz a prova com vistas a "passar de
ano", fazem-no de bom grado, ciente de que é para o seu bem. Tais provas
não são realizadas para sacrificar, simplesmente, o candidato, e sim visando
aferir sua capacidade, para uma promoção. Desta maneira devemos enfrentar as
crises da vida, os momentos de dificuldade, que acontecem não para massacrar,
mas para nos promover. Vê-los como um desafio é uma atitude de sabedoria.
Há três formas de
reação, nessas ocasiões:
1.°) há os que se
revoltam. "Por que Deus fez isto comigo?" - dizem. Como se Deus os
estivesse punindo, caprichosamente. E chegam, mesmo, a "brigar" com
Deus, afastam da religião, dizem que perderam a fé. (Será que possuíam fé?).
São os revoltados. Esses, ao que tudo indica, não passaram no teste. Terão que
repetir a lição. Acrescentam dores desnecessárias ao processo evolutivo.
2.°) Há os que se
deixam abater. Passam a se considerar derrotados, vencidos, apassivados diante
de outras situações. Tornam-se pessimistas, amargurados. Também não lograram
êxito no teste.
3.°) Finalmente há
aqueles que, conforme diz a letra da música popular, "levantam, sacodem a
poeira e dão a volta por cima". São os regenerados, os que recebem a
crise, a dificuldade, aceitam-na sem se acomodarem. Reúnem suas forças,
recorrem à oração, e com confiança em Deus e em si próprios vão superando as
dificuldades. Aproveitam plenamente o benefício da experiência. A crise, a dor
forte, revela-lhes a coragem, a fé fortalecida, e a capacidade de luta.
A crise pode ser definida como uma fase de perda, ou uma fase de
substituições rápidas, em que se pode colocar em questão o equilíbrio da
pessoa. Torna-se, então, muito importante a atitude e comportamento da pessoa
face a momentos como este. É fundamental a forma como os componentes da crise
são vividos, elaborados e utilizados subjectivamente.
A evolução da crise pode ser benéfica ou maléfica, dependendo de fatores
que podem ser tanto externos, como internos. Toda a crise conduz
necessariamente a um aumento da vulnerabilidade, mas nem toda a crise é
necessariamente um momento de risco. Pode, eventualmente, evoluir negativamente
quando os recursos pessoais estão diminuidos e a intensidade do stress
vivenciado pela pessoa ultrapassa a sua capacidade de adaptação e de reacção.
Mas a crise é vista, de igual modo, como uma ocasião de crescimento. A
evolução favorável de uma crise, conduz a um crescimento, à criação de novos
equilíbrios, ao reforço da pessoa e da sua capacidade de reacção a situações
menos agradáveis.
Assim, a crise evolui no sentido da regressão, quando a pessoa não a
consegue ultrapassar, ou no sentido do desenvolvimento, quando a crise é
favoravelmente vivida.
O individuo passa por várias crises desde os seus primeiros dias de vida
até ao final da adolescência. Nesta perspectiva, a crise é maturativa,
proporciona aprendizagem.
CRIATIVIDADE NA RESOLUÇÃO DE CONFLITOS _ Por: Maria
Inês Felippe
O conflito pode ser comparado com a evolução da
espécie: aqueles que sobrevivem são os que vão se adaptando ou
transformando-se.
Empresa é um lugar privilegiado de conflitos
pessoais, profissionais, de interesses, de ideologias, assim como atender
clientes e negociar.
As crises existenciais percorrem a nossa vida desde
o nascimento, na infância, na adolescência, na juventude, na fase adulta, nos
relacionamentos interpessoais, na escolha da profissão, na aposentadoria, etc.
Podemos perceber o conflito como risco ou
oportunidade, o que exige de nós uma atitude pró-ativa, levando por terra o
ditado popular "depois da tempestade vem a bonança".
1)A falta de imaginação atua como responsável e
geradora de conflitos: as partes se recusam a imaginar o que os outros podem
fazer, pensar ou sentir. As pessoas agem como se desconhecessem as diferenças.
2)Somente escutar as pessoas não garante a sua
resolução. Entender e trabalhar questões da diversidade passa a ser fundamental
para uma administração moderna.
3)Quando falamos de diversidades, não estamos nos
referindo a raça, sexo ou religião, ou diferenças no mesmo nível hierárquico,
mas estamos nos referindo à formas de pensamento e ideologias, em todos os
níveis hierárquicos, tanto horizontal como vertical.
4)O silêncio poderá ser uma grande fonte de
indicativo de conflitos, sua resolução poderá dar-se através da negociação
5)Negociar é alcançar objetivos através de um acordo
em situações que ocorrem pensamentos divergentes e convergentes. Faz parte da
nossa vida desde os povos primitivos. Viver é negociar.
6)Exercícios de pensamento lateral e técnica de
solução criativa de problemas poderão facilitar no ato de resolução do
conflito.
7)A criatividade no processo de resolução de
conflitos favorece a flexibilidade, oferece melhor aproveitamento da
diversidade e da conciliação de situações opostas, encarando e conduzindo a
negociação a favor de ambas as partes. Ela favorece enxergar o que todos
enxergam, mas visualizando coisas diferentes, transformando riscos em
oportunidades, identificando algo a mais do que o cotidiano, favorecendo
contornar objeções, agindo proativamente.
A pessoa pró-ativa e criativa possui uma postura
sempre firme em relação aos diversos problemas que enfrenta, não só no mundo
corporativo como também diante da vida. Ela não quer fazer parte do problema,
mas sim da solução. Considerando a economia globalizada em que vivemos, cada
vez mais temos de pensar criativamente e agir estrategicamente. Cabe ressaltar:
É uma questão do ponto de vista. Podemos perceber o conflito como algo: Já que
todos os problemas são solucionáveis, é importante que sejam bem definidos.
Procure idéias e resolva criativamente. Temos que ter cuidado na resolução dos
conflitos para não gerar outros.
O que percebemos é que, por alguma razão, parece que
a natureza humana exige que as pessoas ajam rapidamente quando enfrentam um
problema. Quando surge uma dificuldade, elas buscam a resolução sem clarificar
ou analisar o problema. Como conseqüência, elas não resolvem os problemas ou os
resolvem equivocadamente, causando, assim, outros conflitos, provocando o
sentimento de frustração.
Yazaki, um empresário japonês, contado pela física quântica Danah Zohar,
num precioso livro que aconselharia aos empresários a lê-lo “A Inteligência
Espiritual”, herdou uma pequena empresa de mala direta. Expandiu-se pelo mundo
inteiro. Conseguiu tudo o que queria: sucesso, riqueza, respeito da comunidade
e uma família integrada. Mas sentia que algo lhe faltava. Corroia-o grande
vazio interior. Sugeriam-lhe que frequentasse um mosteiro zen. Passou lá uma
semana em meditação com um mestre respeitado. Encontrou-se com seu eu profundo
e a conexão que ele mantém com o todo. Deu-se conta de que os bens materiais se
mostravam ilusórios porque não o preenchiam, apenas lhe davam satisfação
material.
Saiu do mosteiro com um outro olhar. Começou a perceber a beleza de uma
cerejeira em flor e a singeleza de um caqui maduro. Em sua auto-biografia
escreveu:”Os seres humanos separaram o eu do mundo, a natureza da humanidade e
o eu pessoal dos outros eus. Por isso caíram na armadilha das ilusões no
esforço de preencher o eu vazio. E se
fizeram vítimas fatais de um aterrador cenário de autoengano, de hipocrisia e
de farisaísmo”.
A experiência espiritual não o levou a abandonar o negócio. Deu-lhe um
outro sentido. Trocou o nome da empresa, chamando-a de “Felicíssimo”,
combinação de “feliz” das línguas latinas. A acumulação devia destinar-se a
aumentar a felicidade humana, dele e a dos outros. Esteve na Rio-92 para
inteirar-se dos problemas ambientais. Destinou grande parte de sua fortuna a
fundações que cuidam da educação e do ambiente. Termina seu livro dizendo:
“servir nesse nível é servir a Deus”. Com ele, a crise foi superada e a
humanidade deu um pequeno salto na direção daquilo que deve ser.
Leonardo Boff é autor do livro “Responder florindo: da crise de civilização
a uma revolução realmente humana”,Garamond, Rio.
Há uma fábula que mostra o a autenticidade do ser: É sobre uma centopéia
que sabia dançar bem e chamava muito a atenção por isso. Uma tartaruga invejosa
perguntou à centopéia em que seqüência ela mexia suas 100 perninhas enquanto
dançava. Aí, a centopéia, pela primeira vez, parou para pensar sobre o assunto
e... desaprendeu a dançar.
Não desperdiçar as oportunidades da crise _ Leonardo
Boff
Face ao cataclismo
econômico-financeiro mundial se desenham dois cenários: um de crise e outro de
tragédia. Tragédia seria se toda a arquitetura econômica mundial desabasse e
nos empurrasse para um caos total com milhões de vítimas por violência, fome e
guerra. Não seria impossível, pois o capitalismo, geralmente, supera as
situações caóticas mediante a guerra. Ganha ao destruir e ganha ao reconstruir.
Somente que hoje esta solução não parece viável, pois uma guerra tecnológica
liquidaria com a espécie humana; só cabem guerras regionais sem uso de armas de
destruição em massa.
Outro cenário
seria de crise. Para ela, não acaba o mundo econômico, mas este tipo de mundo,
o neoliberal. O
caos pode ser criativo, dando origem a outra ordem diferente e melhor. A crise
teria, portanto, uma função purificadora, abrindo espaço para uma outra
oportunidade de produção e de consumo.
Não precisamos recorrer ao ideograma chinês
de crise para saber de sua significação como risco e oportunidade. Basta
recordar a sânscrita matriz das línguas ocidentais.
Em sânscrito, crise vem de "kir"
ou "kri" que significa purificar e limpar. De "kri" vem
também crítica que é um processo pelo qual nos damos conta dos pressupostos,
dos contextos, do alcance e dos limites seja do pensamento, seja de qualquer
fenômeno. De "kri" se deriva, outrossim, crisol, elemento químico com o qual se limpa
ouro das gangas e, por fim, acrisolar
que quer dizer depurar e decantar. Então, a crise representa a oportunidade de
um processo critico, de depuração do cerne: só o verdadeiro fica, o acidental
cai sem sustentabilidade.
Ao redor e a partir
deste cerne se constrói uma outra ordem que representa a superação da crise. Os
ciclos de crise do capitalismo são notórios. Como nunca se fazem cortes
estruturais que inaugurem uma nova ordem econômica, mas sempre se recorre a
ajustes que preservam a lógica exploradora de base, ele nunca supera
propriamente a crise. Alivia seus efeitos danosos, revitaliza a produção para
novamente entrar em crise e assim prolongar o recorrente ciclo de crises.
A atual crise
poderia ser uma grande oportunidade para a invenção de um outro paradigma de
produção e de consumo. Mais que regulações novas, fazem-se urgentes
alternativas. A solução da crise econômico-financeira passa pelo encaminhamento
da crise ecológica geral e do aquecimento global. Se estas variáveis não forem
consideradas, as soluções econômicas, dentro de pouco tempo, não terão sustentabilidade
e a crise voltará com mais virulência.
As empresas nas
bolsas de Londres e de Wall Street tiveram perdas de mais de um trilhão e meio
de dólares, perdas do capital humano. Enquanto isso, segundo dados do
Greenpeace, o capital natural tem perdas anuais da ordem de 2 a 4, trilhões de
dólares, provocadas pela degradação geral dos ecossistemas, desflorestamento,
desertificação e escassez de água. A primeira produziu pânico, a segunda sequer
foi notada. Mas desta vez não dá para continuar com o "business as
usual".
O pior que nos
pode acontecer é não aproveitar a oportunidade advinda da crise generalizada do
tipo de economia neoliberal para projetar uma alternativa de produção que
combine a preservação do capital natural com o capital humano. Há que se passar
de um paradigma de produção industrial devastador para um de sustentação de
toda a vida.
Esta alternativa é
imprescindível, como o mostrou corajosamente François Houtart, sociólogo belga
e grande amigo do Brasil, numa conferência diante da Assembléia da ONU em 30 de
outubro do corrente ano: se não buscarmos uma alternativa ao atual paradigma
econômico em quinze anos 20% a 30% das espécies vivas poderão desaparecer e nos
meados do século haverá cerca de 150 a 200 milhões de refugiados climáticos. Agora
a crise em vez de oportunidade vira risco aterrador.
A crise atual nos
oferece a oportunidade, talvez uma das últimas, para encontrarmos um modo de
vida sustentável para os humanos e para toda a comunidade de vida. Sem isso
poderemos ir ao encontro da escuridão.
Os filósofos e a crise _ Leonardo Boff
Curiosamente, não
são poucos os analistas, que vêem a crise atual para além de suas várias
expressões (energética, alimentaria, climática, econômico-financeira) como uma
crise da ética.
Mesmo que a crise
demande um novo paradigma para ser sustentável em longo prazo, é urgente
encontrar medidas imediatas para que todo o sistema não sossobre, levando tudo
de roldão. Seria irresponsabilidade não tomar medidas ainda dentro do sistema,
mesmo sem uma solução definitiva.
Vejo dois valores
éticos fundamentais que devem estar presentes para que a situação encontre um
equilíbrio aceitável. Dois filósofos alemães nos podem iluminar: Immanuel Kant
(+1804) e Martin Buber (+1965). O primeiro se refere à boa-vontade incondicional
e o segundo à importância da cooperação.
Diz Kant em sua
Fundamentação para uma metafísica dos costumes (1785): “Não existe nada em
nenhum lugar do mundo nem fora dele que possa ser considerado irrestritamente
bom senão a boa vontade”. Que ele quer dizer com isso? A boa vontade é a única
atitude que, por sua natureza, é somente boa e à qual não cabe nenhuma
restrição. Ou a boa vontade é boa ou não há boa vontade. Ela é o pressuposto
primeiro de toda ética. Se alguém desconfiar de tudo, se colocar tudo em
dúvida, se não confiar mais em ninguém, não há como estabelecer uma base comum
que permita a convivência entre os humanos.
Vale dizer: quando
os G-7 e os G-20, a Comunidade Européia, o Mercosul, o BRIC e as articulações
políticas, sindicais, sociais (penso no MST e na Via Campesina e outras) se
encontrarem para pensar saídas para crise, deve-se pressupor em todos a boa
vontade. Se alguém vai para a reunião para só garantir o seu, sem pensar no
todo, acaba nem mais podendo garantir o seu, dado o entrelaçamento existente
hoje de tudo com tudo. Repito uma velha metáfora: desta vez não há uma arca de
Noé que salva alguns. Ou nos salvamos todos ou pereceremos todos.
Então, a
boa-vontade, como valor universal, deve ser cobrada de todos. Caso contrario,
não há como salvaguardar as condições ecológicas da reprodução da vida e
assegurar razões para vivermos juntos. Na verdade, vivemos num estado de
permanente guerra civil mundial. Com a boa vontade de todos podemos alcançar
uma paz possível.
Não menos
significativa é a contribuição do filósofo judeu-alemão Martin Buber. Em seu
livro Eu-Tu de 1923 mostra a estrutura dialogal de toda existência humana
pessoal e social. É a partir do tu que o eu se constitui. O “nós” surge pela
interação do eu e do tu na medida em que reforçam o diálogo entre si e se abrem
a todos os demais outros, até ao totalmente Outro.
Paradigmática é
esta sua afirmação: “se vivermos um ao lado do outro (nebeneinander) e não um
junto com o outro (miteinander), acabaremos ficando um contra o outro (gegeneinander).
Isso se aplica à
situação atual. Nenhuma equipe pode tomar medidas ao lado das outras, sem estar
junto com as outras. Acabará ficando contra os outras. Ou todos colaboram para
uma solução includente ou não haverá solução para ninguém. A crise se
aprofundará e acabará em tragédia coletiva.
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