Certa vez – contava-se – uma mulher jovem e bela viu adoecer e  definhar seu filhinho. Quando a vida abandonou o corpo da criança, a mãe  enlouqueceu de pesar. Apertando ao peito o filho morto, saiu de casa em  casa, pedindo um remédio que lhe restituísse a vida. Por fim, chegou à  morada de um monge. Este, apiedado, murmurou consigo mesmo: “Ela não  compreende”. E, em voz alta: “Minha pobre filha, eu não tenho o remédio  que pedes; mas sei de alguém que o tem”.
“Dize-me quem é!” implorou a mãe.
“É o Buda. A ele é que deves dirigir-te.”
Ansiosamente ela foi em busca de Gautama. E o “Iluminado” declarou:  “Sim, conheço o remédio eficaz. É a semente da mostarda.” Mas, quando já  a mulher se regozijava com a indicação de remédio tão comum, o profeta  continuou: “Tens de obtê-la em alguma casa onde nunca haja morrido  nenhum filho, marido, pai ou escravo.”
A jovem mãe  partiu em procura do remédio. Aonde quer que fosse, as pessoas se  mostravam solícitas em dar-lhe a desejada semente. Mas a mulher  perguntava: “Esta casa nunca foi atingida pela morte de nenhum filho,  marido, pai ou escravo?” E respondiam-lhe tristemente: “Tal casa não  existe em parte alguma. Os mortos são muitos, os vivos, poucos.”
Então,  mergulhada em profunda cisma, ela se encaminhou a uma floresta e lá  enterrou a criança. Quando tornou para junto de Gautama, este perguntou:  “Encontraste a semente da mostarda?” E a mulher respondeu: “Não, meu  mestre, mas encontrei a cura. Sepultei a minha dor na floresta. E agora  estou pronta para seguir-te em paz.”
Fonte: Henry Thomas e Dana Lee Thomas. Vidas de Grandes Capitães da Fé. RJ: Editora Globo, 1948, p. 42-43.
 
 
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