Desapego: Coisas Novas
Domingo à noite eu
já estava me preparando para descansar, quando a minha filha de 10 anos me
chamou para assistir a um filme que ela, por curiosidade sobre o personagem,
havia pedido ao pai para assistir. O filme é O Pequeno Buda, de 1993, dirigido
pelo grande Bernardo Bertolucci e, para quem já assistiu ou conhece a história
de Buda (Siddhartha Gautama), sabe que a sua vida foi totalmente pautada no
desapego.
O artigo desta
semana não ia falar sobre este assunto, mas como o momento que estou passando
em minha vida agora tem tudo a ver com desapego e este filme veio “cair no meu
colo” justamente agora, com certeza trazido pela Lei da Atração, não posso
ignorar que muita gente precise ler sobre o assunto, incluindo, eu mesma.
Mas vamos ao que
interessa.
A Lei da Atração
nos traz aquilo com o que estamos sintonizados.
Como já sabemos,
uma das maiores ferramentas para que ela funcione de acordo com o nosso desejo,
é a gratidão.
Na verdade, o
sucesso da aplicação da Lei da Atração, é uma sequência de passos que já vimos
no livro O Segredo, no filme e em tantas outras literaturas, bem como nas
palestras do CONLAOS e de outros cursos dos quais já participamos.
A sequência seria
assim:
EU QUERO (DECIDIR
O QUE SE QUER)
EU POSSO
(ACREDITAR QUE É POSSÍVEL)
EU CONSIGO (TER FÉ
CEGA QUE VOCÊ CONSEGUE)
EU MEREÇO
(ENTENDER QUE VOCÊ É MERECEDOR)
EU PERMITO (DAR
PERMISSÃO AO UNIVERSO, OU SEJA, DAR ESPAÇO, LIBERAR)
EU ACEITO (SENTIR
QUE JÁ É SEU)
EU RECEBO (TOMAR
POSSE DO QUE É SEU)
EU AGRADEÇO
(AGRADECER ANTES COMO SE JÁ TIVESSE RECEBIDO, AO RECEBER E DEPOIS QUE RECEBER)
De todo o
processo, o passo que eu acho mais difícil, é o PERMITIR. E é aí que entra o
nosso assunto, o DESAPEGO.
Desordem - largar
tudo e cair no mundo
De acordo com a
Lei da Impenetrabilidade, descoberta por Archimedes ao gritar Eureca, “dois
corpos não podem ocupar o mesmo lugar ao mesmo tempo”. Isso também é válido
para as coisas abstratas, como pensamentos e sentimentos. Você pode até
alternar sentimentos antagônicos, mas cada um deles estará ocupando o seu
coração e a sua mente de cada vez. Partindo desse princípio, seria correto
dizer que dois pensamentos diferentes e contrários, não podem ocupar o mesmo
espaço em nossa mente e, portanto, quando um entra, o outro tem que ceder espaço
automaticamente.
Quando fazemos um
pedido ao Universo, temos que “fazer espaço” para que o que queremos chegue até
nós. Por exemplo, queremos uma roupa nova, mas se não fizermos espaço no guarda-roupas
para que ela seja colocada lá, será difícil que ela “venha até nós”. Queremos
um novo amor, mas continuamos ocupando o nosso coração com mágoas e recordações
do(s) antigo(s) amor(es) e não damos assim oportunidade para um novo alguém.
Queremos um novo emprego, mas o pensamento de começar tudo de novo em outro
lugar nos trava de medo, e assim, a vaga irá para outro de mente mais corajosa.
Queremos uma casa nova, mas quando pensamos em deixar a atual, somos invadidos
por uma dor no coração, a famosa “dó”. São todas sensações de perda…
A sensação de
perda é a falta de fé. E a falta de fé gera a dúvida. E a dúvida não combina
com a certeza, ou seja, elas não podem ocupar o mesmo lugar no nosso coração e
na nossa mente, e aquela que falar mais alto, tomará conta de nós.
O desapego é parte
fundamental no processo do receber coisas novas e o mais importante de tudo é:
desapegue-se do resultado do seu pedido. Peça ao Universo, mas não cobre dele
os resultados. Deixe-o agir!
O meu novo
projeto, que expliquei no artigo Realizar um sonho com o poder da mente e a Lei
da Atração, implicará em um novo estilo de vida, muito mais leve, mais livre,
mais desapegado. Viajar em motorhome, por si só já nos faz pensar no essencial,
nos faz abrir mão do supérfluo. Quando essa viagem é longa, o supérfluo vira
desnecessário, pois se ficarmos um bom tempo sem aquilo, e sobrevivermos,
indicará que ele não era tão insubstituível assim. Vamos considerar ainda, que
muitos trechos dessa viagem, serão feitos em bicicleta, ou com a mochila nas
costas, o que reduzirá ainda mais a nossa carga de coisas dispensáveis.
Tudo isso poderia
parecer simples, se não fosse o fato de que estamos partindo de uma casa de 4
dormitórios em um terreno de 1.080 metros quadrados, cheios de móveis, roupas e
tralhas acumuladas em 15 anos de casamento, dos quais 10 com filhos. É muita
coisa para destralhar (Gosto muito desse texto aqui que fala sobre isso). Além,
é claro, de ter que vender a própria casa!
Não é fácil abrir
mão de tudo isso, mas tem momentos na vida em que temos que jogar fora o resto
da nave para salvar a cápsula, que é onde estão os tripulantes. Este é um
deles. E eu sei disso!
Para mim é a
terceira vez que enfrento esse processo. Para meu marido é a segunda. E em
todas as vezes, a mudança foi sempre para melhor. Eu confio nisso e agradeço!
Portanto, se você
quer que a Lei da Atração funcione na sua vida, além de pedir, mentalizar e
agradecer, você terá que permitir, aceitar o novo, e isso só é possível com o
desapego ao velho, ao inútil, ao contrário ao que você quer.
Com isso não estou
dizendo que você tenha que fazer como Buda ou como eu, largar tudo e cair no
mundo. Este é o meu sonho, não o seu! Mas procure destralhar o que é supérfluo
para você, de modo que o novo possa vir. Comece pelos seus paradigmas, pelas
suas crenças limitantes, pelas suas ideias fixas, preconceitos, sentimentos
ruins, doenças, más companhias, vícios, etc. e, por que não, coisas materiais
também, coisas que não lhe servem mais, que só ocupam espaço e que você sabe
que nunca irá usá-las. Tranqueiras, tralhas.
Destralhe-se! Destralhe
sua mente, seu coração, seu corpo, suas gavetas, sua casa.
E parafraseando,
em trocadilho, o grande poeta português Fernando Pessoa: “Destralhar é preciso,
viver não é preciso”!
Desejo a vocês uma
semana abençoada e destralhada!
Abaixo o
verdadeiro poema de Fernando Pessoa para reflexão.
Poema
Navegadores
antigos tinham uma frase gloriosa: “Navegar é preciso; viver não é preciso”.
Quero para mim o
espírito [d]esta frase, transformada a forma para a casar como eu sou:
Viver não é
necessário; o que é necessário é criar. Não conto gozar a minha vida; nem em
gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu
corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.
Só quero torná-la
de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha. Cada
vez mais assim penso.
Cada vez mais
ponho da essência anímica do meu sangue o propósito impessoal de engrandecer a
pátria e contribuir para a evolução da humanidade.
É a forma que em
mim tomou o misticismo da nossa Raça. Fernando Pessoa