sábado, 3 de setembro de 2011

AS MEDITAÇÕES DA VISÃO


A beleza entra pelos sentidos e segue até à alma. Para um cego não há muita diferença entre se deparar com uma cena linda em dia de Sol claro ou em noite de pouca luz. De uma ou outra maneira, ele não perceberá, como você. os jogos de luz e sombra. Com ou sem Sol, a cena estará lá, mas ele não poderá vê-la. Um cego de nascença dificilmente terá como mudar sua condição, mas uma pessoa que não venha usando os olhos saudáveis que possui, pode mudar se decidir agir de maneira diferente.

Estamos cegos psicológica e emocionalmente para a maior parte de nossa existência, sem perceber claramente a realidade externa nem a interna. Diferentemente do cego comum, temos os olhos e só nos falta a visão. Talvez se não possuíssemos olhos saudáveis, invejássemos a possibilidade de quem os tem, mas tendo-os, não lançamos mão de nosso potencial de percepção.

O cego, por estar privado de um sentido, acaba expandindo os outros, o tato, a audição, o olfato e o paladar numa medida em que o não cego dificilmente sonha ser possível, embora tenha o mesmo potencial e capacidade. Quem tem a visão perfeita pode experimentar a mesma intensidade e riqueza de informações desses outros sentidos e tornar seus dias mais vivos e deslumbrantes.

É preciso readquirir a plena capacidade de nossos sentidos e voltarmos a ser pessoas que enxergam, abrindo mão da inconsciência voluntária e de amortecedores e barreiras que criamos para a nossa percepção. Precisamos reavaliar as diferentes máscaras e proteções que colocamos e mantemos sobre os olhos. Podemos, se estivermos abertos, recuperar a visão que já tivemos e desenvolver a que ainda não chegamos a ter.

As “MEDITAÇÕES DA VISÃO” são um conjunto de técnicas criadas para possibilitar-nos de maneira harmônica e sem traumas recuperar e desenvolver não apenas a visão, mas aumentar a nossa percepção global, tornando mais acurados também o tato, a audição, o olfato e o paladar. Elas atuam no plano subjetivo e objetivo, aprimorando ao mesmo tempo a percepção interior e a exterior.

Partindo de uma liberação da “couraça muscular dos olhos” elas promovem um relaxamento profundo do cérebro produzindo uma serenidade e paz interiores que nos levam a enxergar com lucidez e discernimento os acontecimentos do dia-a-dia. O nervo óptico é parte do cérebro. Ele é constituído de neurônios e quando o relaxamos, a sensação de descanso mental é imediata. Ao alcançarmos essa calma interna, experimentamos um bem estar psicológico e emocional que nos leva ao equilíbrio. Sentimo-nos imediatamente livres de antigos elos de dependência que tornavam nossa relação com o outro e conosco mesmos tumultuada e insatisfatória. As meditações reduzem as cisões em nossa personalidade e nos revelam a existência de uma “bússola interna” capaz de nos orientar com uma clareza cristalina em nossas decisões emocionais e práticas.

As “MEDITAÇÕES DA VISÃO” são benéficas no aspecto físico e energético. Elas descongestionam e vitalizam os chakras, regulando o nosso relógio biológico, combatendo a insônia e a inércia simultaneamente. Ao aumentar a sensibilidade dos sentidos refinando e ampliando sua capacidade perceptiva, elas nos levam a perceber de maneira tocante e emocionante, muitas e preciosas sutilezas da vida que vinham escapando do nosso sentir.

Como benefício físico dessas meditações, temos o fato de que elas diminuem gradativamente os erros de refração da visão, deixando formas e cores mais nítidas e regredindo progressivamente a miopia, a hipermetropia, o astigmatismo e a vista cansada. É significativo o número de pessoas que abandonou os óculos (muitas vezes carregados por uma vida inteira). Pessoas com mais de 80 anos voltaram a enxergar com nitidez sem sentir a vista cansada enquanto outras que tinham dores de cabeça ao ficar 15 minutos sem óculos, abandonaram para sempre esse indesejado acompanhante.

Mas a contribuição mais importante das meditações da visão é sua participação no crescimento espiritual. Ao experimentarmos o relaxamento profundo do cérebro, podemos realizar o que propõe o Yoga: a “cessação das ondas mentais”. Ao provarmos esse estado, vamos aos poucos podendo entrar conscientemente em regiões além da psique comum. Penetramos numa atmosfera onde tudo em volta de nós aparenta maior calma e atingimos uma compreensão que nasce de nossa pureza interna, uma compreensão profunda da vida em sua raiz.

Com a continuidade das meditações, aprendemos a arte de mergulhar de maneira revigorante na fonte da inteligência criativa e voltar de lá com uma visão própria e inédita da vida. Desenvolvemos a sensibilidade, a inteligência intuitiva e um maior gosto por existirmos. Aumentamos a nossa capacidade de aceitação e entrega ao mesmo tempo em que adquirimos um discernimento aguçado. Porém, o mais relevante em todas essas habilidades desenvolvidas é que ao refinar os sentidos elas proporcionam a delicadeza de percepção necessária para podermos empreender a maior aventura disponível a um ser humano: a viagem para dentro de nós mesmos.

Para que essa viagem tenha sucesso, precisamos apenas de uma coisa: a prática.

Pedro Tornaghi

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