terça-feira, 29 de março de 2011

EGO, O FALSO CENTRO _ Osho



 O primeiro ponto a ser compreendido é o ego.
Uma criança nasce sem qualquer conhecimento, sem qualquer consciência de seu próprio eu. E quando uma criança nasce, a primeira coisa da qual ela se torna consciente não é ela mesma; a primeira coisa da qual ela se torna consciente é o outro. Isso é natural, porque os olhos se abrem para fora, as mãos tocam os outros, os ouvidos escutam os outros, a língua saboreia a comida e o nariz cheira o exterior. Todos esses sentidos abrem-se para fora. O nascimento é isso.
Nascimento significa vir a esse mundo: o mundo exterior. Assim, quando uma criança nasce, ela nasce nesse mundo. Ela abre os olhos e vê os outros. O outro significa o tu. Ela primeiro se torna consciente da mãe. Então, pouco a pouco, ela se torna consciente de seu próprio corpo. Esse também é o ‘outro’, também pertence ao mundo. Ela está com fome e passa a sentir o corpo; quando sua necessidade é satisfeita, ela esquece o corpo. É dessa maneira que a criança cresce.
Primeiro ela se torna consciente do você, do tu, do outro, e então, pouco a pouco, contrastando com você, com tu, ela se torna consciente de si mesma. Essa consciência é uma consciência refletida. Ela não está consciente de quem ela é. Ela está simplesmente consciente da mãe e do que ela pensa a seu respeito. Se a mãe sorri, se a mãe aprecia a criança, se diz ‘você é bonita’, se ela a abraça e a beija, a criança sente-se bem a respeito de si mesma. Assim, um ego começa a nascer.
Por meio da apreciação, do amor, do cuidado, ela sente que é ela boa, ela sente que tem valor, ela sente que tem importância. Um centro está nascendo. Mas esse centro é um centro refletido. Ele não é o ser verdadeiro. A criança não sabe quem ela é; ela simplesmente sabe o que os outros pensa a seu respeito.
E esse é o ego: o reflexo, aquilo que os outros pensam. Se ninguém pensa que ela tem alguma utilidade, se ninguém a aprecia, se ninguém lhe sorri, então, também, um ego nasce – um ego doente, triste, rejeitado, como uma ferida, sentindo-se inferior, sem valor. Isso também é ego. Isso também é um reflexo.
Primeiro a mãe. A mãe, no início, significa o mundo. Depois os outros se juntarão à mãe, e o mundo irá crescendo. E quanto mais o mundo cresce, mais complexo o ego se torna, porque muitas opiniões dos outros são refletidas.
O ego é um fenômeno cumulativo, um subproduto do viver com os outros. Se uma criança vive totalmente sozinha, ela nunca chegará a desenvolver um ego. Mas isso não vai ajudar. Ela permanecerá como um animal. Isso não significa que ela virá a conhecer o seu verdadeiro eu, não.
O verdadeiro só pode ser conhecido por meio do falso, portanto, o ego é uma necessidade. Temos que passar por ele. Ele é uma disciplina. O verdadeiro só pode ser conhecido por meio da ilusão. Você não pode conhecer a verdade diretamente. Primeiro você tem que conhecer aquilo que não é verdadeiro. Primeiro você tem que encontrar o falso. Por meio desse encontro, você se torna capaz de conhecer a verdade. Se você conhece o falso como falso, a verdade nascerá em você.
O ego é uma necessidade; é uma necessidade social, é um subproduto social. A sociedade significa tudo o que está ao seu redor, não você, mas tudo aquilo que o rodeia. Tudo, menos você, é a sociedade. E todos refletem. Você irá à escola e o professor refletirá quem você é. Você fará amizade com as outras crianças e elas refletirão quem você é. Pouco a pouco, todos estarão adicionando algo ao seu ego, e todos estarão tentando modificá-lo, de modo que você não se torne um problema para a sociedade.
Eles não estão interessados em você. Eles estão interessados na sociedade. A sociedade está interessada nela mesma, e é assim que deveria ser. Eles não estão interessados no fato de que você deveria se tornar um conhecedor de si mesmo. Interessa-lhes que você se torne uma peça eficiente no mecanismo da sociedade. Você deveria ajustar-se ao padrão.
Assim, estão interessados em dar-lhe um ego que se ajuste à sociedade. Ensinam-lhe a moralidade. Moralidade significa dar-lhe um ego que se ajuste à sociedade. Se você for imoral, você será sempre um desajustado em um lugar ou outro…
Moralidade significa simplesmente que você deve se ajustar à sociedade. Se a sociedade estiver em guerra, a moralidade muda. Se a sociedade estiver em paz, existe uma moralidade diferente. A moralidade é uma política social. É diplomacia. E toda criança deve ser educada de tal forma que ela se ajuste à sociedade; e isso é tudo, porque a sociedade está interessada em membros eficientes. A sociedade não está interessada no fato de que você deveria chegar ao autoconhecimento.
A sociedade cria um ego porque o ego pode ser controlado e manipulado. O eu nunca pode ser controlado e manipulado. Nunca se ouviu dizer que a sociedade estivesse controlando o eu – não é possível. E a criança necessita de um centro; a criança está absolutamente inconsciente de seu próprio centro. A sociedade lhe dá um centro e a criança pouco a pouco fica convencida de que esse é o seu centro, o ego dado pela sociedade.
Uma criança volta para casa. Se ela foi o primeiro lugar de sua sala, a família inteira fica feliz. Você a abraça e beija; você a coloca sobre os ombros e começa a dançar e diz “que linda criança! Você é um motivo de orgulho para nós.”
Você está dando um ego para ela, um ego sutil. E se a criança chega em casa abatida, fracassada, foi um fiasco na sala – ela não passou de ano ou tirou o último lugar, então ninguém a aprecia e a criança se sente rejeitada. Ela tentará com mais afinco na próxima vez, porque o centro se sente abalado.
O ego está sempre abalado, sempre à procura de alimento, de alguém que o aprecie. E é por isso que você está continuamente pedindo atenção. Você obtém dos outros a idéia de quem você é. Não é uma experiência direta. É dos outros que você obtém a idéia de quem você é. Eles modelam o seu centro. Mas esse centro é falso, enquanto que o centro verdadeiro está dentro de você. O centro verdadeiro não é da conta de ninguém. Ninguém o modela. Você vem com ele. Você nasce com ele.


EGO, O FALSO CENTRO (2)
Assim, você tem dois centros. Um centro com o qual você vem, que lhe é dado pela própria existência. Esse é o eu. E o outro centro, que é criado pela sociedade – o ego. Esse é algo falso – é um grande truque. Por meio do ego a sociedade está controlando você. Você tem que se comportar de uma certa maneira, porque somente assim a sociedade irá apreciá-lo.
Você tem que caminhar de uma certa maneira; você tem que rir de uma certa maneira; você tem que seguir determinadas condutas, uma moralidade, um código. Somente assim a sociedade o apreciará, e se ela não o fizer, o seu ego ficará abalado. E quando o ego fica abalado, você já não sabe onde está, você já não sabe quem você é.
Os outros lhe deram a ideia. E essa ideia é o ego. Tente entendê-lo o mais profundamente possível, porque ele tem que ser jogado fora. E a não ser que você o jogue fora, nunca será capaz de alcançar o eu. Por estar viciado no falso centro, você não pode se mover, e você não pode olhar para o eu. E lembre-se: vai haver um período intermediário, um intervalo, quando o ego estará se despedaçando, quando você não saberá quem você é, quando você não saberá para onde está indo; quando todos os limites se dissolverão. Você estará simplesmente confuso, um caos.
Devido a esse caos, você tem medo de perder o ego. Mas tem que ser assim. Temos que passar através do caos antes de atingir o centro verdadeiro. E se você for ousado, o período será curto. Se você for medroso e novamente cair no ego, e novamente começar a ajeitá-lo, então, o período pode ser muito, muito longo; muitas vidas podem ser desperdiçadas…

Até mesmo o fato de ser infeliz lhe dá a sensação de “eu sou”. Afastando-se do que é conhecido, o medo toma conta; você começa sentir medo da escuridão e do caos – porque a sociedade conseguiu clarear uma pequena parte de seu ser… É o mesmo que penetrar numa floresta. Você faz uma pequena clareira, você limpa um pedaço de terra, você faz um cercado, você faz uma pequena cabana; você faz um pequeno jardim, um gramado, e você sente-se bem. Além de sua cerca – a floresta, a selva. Mas aqui dentro tudo está bem: você planejou tudo.
Foi assim que aconteceu. A sociedade abriu uma pequena clareira em sua consciência. Ela limpou apenas uma pequena parte completamente, e cercou-a. Tudo está bem ali. Todas as suas universidades estão fazendo isso. Toda a cultura e todo o condicionamento visam apenas limpar uma parte, para que ali você possa se sentir em casa.
E então você passa a sentir medo. Além da cerca existe perigo.
Além da cerca você é, tal como você é dentro da cerca – e sua mente consciente é apenas uma parte, um décimo de todo o seu ser. Nove décimos estão aguardando no escuro. E dentro desses nove décimos, em algum lugar, o seu centro verdadeiro está oculto.
Precisamos ser ousados, corajosos.

EGO, O FALSO CENTRO (3)
Precisamos dar um passo para o desconhecido.
Por certo tempo, todos os limites ficarão perdidos. Por um certo tempo, você vai se sentir atordoado. Por certo tempo, você vai se sentir muito amedrontado e abalado, como se tivesse havido um terremoto.
Mas se você for corajoso e não voltar para trás, se você não voltar a cair no ego, mas for sempre em frente, existe um centro oculto dentro de você, um centro que você tem carregado por muitas vidas. Esse centro é a sua alma, o eu.
Uma vez que você se aproxime dele, tudo muda, tudo volta a se assentar novamente. Mas agora esse assentamento não é feito pela sociedade. Agora, tudo se torna um cosmos e não um caos, nasce uma nova ordem. Mas essa não é a ordem da sociedade – essa é a própria ordem da existência.
É o que Buda chama de Dhamma, Lao Tzu chama de Tao, Heráclito chama de Logos. Não é feita pelo homem. É a própria ordem da existência. Então, de repente tudo volta a ficar belo, e pela primeira vez, realmente belo, porque as coisas feitas pelo homem não podem ser belas. No máximo você pode esconder a feiura delas, isso é tudo. Você pode enfeitá-las, mas elas nunca podem ser belas…
O ego tem certa qualidade: a de que ele está morto. Ele é de plástico. E é muito fácil obtê-lo, porque os outros o dão a você. Você não precisa procurar por ele; a busca não é necessária. Por isso, a menos que você se torne um buscador à procura do desconhecido, você ainda não terá se tornado um indivíduo. Você é simplesmente mais um na multidão. Você é apenas uma turba. Se você não tem um centro autêntico, como pode ser um indivíduo?
O ego não é individual. O ego é um fenômeno social – ele é a sociedade, não é você. Mas ele lhe dá um papel na sociedade, uma posição na sociedade. E se você ficar satisfeito com ele, você perderá toda a oportunidade de encontrar o eu. E por isso você é tão infeliz. Como você pode ser feliz com uma vida de plástico? Como você pode estar em êxtase ser bem-aventurado com uma vida falsa?
E esse ego cria muitos tormentos. O ego é o inferno. Sempre que você estiver sofrendo, tente simplesmente observar e analisar, e você descobrirá que, em algum lugar, o ego é a causa do sofrimento. E o ego segue encontrando motivos para sofrer…
E assim as pessoas se tornam dependentes, umas das outras. É uma profunda escravidão. O ego tem que ser um escravo. Ele depende dos outros. E somente uma pessoa que não tenha ego é, pela primeira vez, um mestre; ele deixa de ser um escravo.
Tente entender isso. E comece a procurar o ego – não nos outros, isso não é da sua conta, mas em você. Toda vez que se sentir infeliz, imediatamente feche os olhos e tente descobrir de onde a infelicidade está vindo, e você sempre descobrirá que o falso centro entrou em choque com alguém.
Você esperava algo e isso não aconteceu. Você espera algo e justamente o contrário aconteceu – seu ego fica estremecido, você fica infeliz. Simplesmente olhe, sempre que estiver infeliz, tente descobrir a razão.
As causas não estão fora de você.
A causa básica está dentro de você – mas você sempre olha para fora, você sempre pergunta: ‘Quem está me tornando infeliz?’ ‘Quem está causando a minha raiva?’ ‘Quem está causando a minha angústia?’
Se você olhar para fora, você não perceberá. Simplesmente feche os olhos e sempre olhe para dentro. A origem de toda a infelicidade, da raiva e da angústia, está oculta dentro de você, é o seu ego.


E se você encontrar a origem, será fácil ir além dela. Se você puder ver que é o seu próprio ego que lhe causa problemas, você vai preferir abandoná-lo – porque ninguém é capaz de carregar a origem da infelicidade, uma vez que a tenha entendido.
Mas lembre-se, não há necessidade de abandonar o ego. Você não o pode abandonar. E se você tentar abandoná-lo, simplesmente estará conseguindo um outro ego mais sutil, que diz: ‘tornei-me humilde’…
Todo o caminho em direção ao divino, ao supremo, tem que passar através desse território do ego. O falso tem que ser entendido como falso. A origem da miséria tem que ser entendida como a origem da miséria – então ela simplesmente desaparece. Quando você sabe que ele é o veneno, ele desaparece. Quando você sabe que ele é o fogo, ele desaparece. Quando você sabe que esse é o inferno, ele desaparece.
E então você nunca diz: ‘eu abandonei o ego’. Você simplesmente irá rir de toda essa história, dessa piada, pois você era o criador de toda essa infelicidade…É difícil ver o próprio ego. É muito fácil ver o ego nos outros. Mas esse não é o ponto, você não os pode ajudar.
Tente ver o seu próprio ego. Simplesmente o observe.
Não tenha pressa em abandoná-lo, simplesmente o observe. Quanto mais você observa, mais capaz você se torna. De repente, um dia, você simplesmente percebe que ele desapareceu. E quando ele desaparece por si mesmo, somente então ele realmente desaparece. Porque não existe outra maneira. Você não pode abandoná-lo antes do tempo. Ele cai exatamente como uma folha seca.
Quando você tiver amadurecido através da compreensão, da consciência, e tiver sentido com totalidade que o ego é a causa de toda a sua infelicidade, um dia você simplesmente vê a folha seca caindo… e então o verdadeiro centro surge.
E esse centro verdadeiro é a alma, o eu, o deus, a verdade, ou como quiser chamá-lo. Você pode lhe dar qualquer nome, aquele que preferir.

Osho, em “Além das Fronteiras da Mente”.


domingo, 20 de março de 2011

O que revela um Intestino Preso? :: Conceição Trucom ::
Metafisicamente, a prisão de ventre pode revelar uma avareza para com a possibilidade de prosperidade e expansão da própria vida. Inclusive, é comum que pessoas que apresentam constipação crônica, tenham dificuldade de aprendizado e resistência para aceitar desafios.
Bem, comecemos pelo entendimento desta Fisiologia. A digestão humana completa requer cerca de 30 horas. Após deixar o estômago, o alimento penetra no duodeno (primeira parte do intestino delgado) e se move lentamente, até passar pelo jejuno e íleo (partes intermediária e distal do intestino delgado respectivamente), e alcançar o cólon (parte do intestino grosso), cerca de 24 horas após a ingestão.
No intestino delgado os “agentes químicos” transformam os alimentos em unidades elementares aproveitáveis (construtoras ou nutridoras) do organismo. Este caminho digestivo do ser humano mede cerca de 10 metros, com cada porção desempenhando um papel específico, na complexa tarefa de assimilação dos alimentos ingeridos. Este trajeto é relativamente longo para um mamífero, característica, aliás, própria dos herbívoros. Isso significa que uma alimentação baseada em vegetais é a mais adequada aos intestinos do homem.
Entretanto, se o alimento ingerido contém substâncias construtoras e nutritivas ou não, a mobilização energética para realizar todo o trabalho digestivo poderá ser assim:
Consumindo pouca energia em prol de elevado grau de nutrição, além de fácil excreção ou,
Consumindo muita energia em prol de baixo ou zero grau de nutrição, complicada pela dificuldade de excreção.
No caso “a” o saldo energético será positivo. Elevada vitalidade e produtividade, ou seja, saúde com energia de sobra para realizar projetos e alcançar metas. No caso “b” irá faltar energia construtiva e nutritiva. Acontecerá a intoxicação, baixa produtividade e na continuidade, a doença.
A progressão através dos intestinos é comandada por contrações musculares que recebem o nome de “movimentos peristálticos”, e estão sob o controle do sistema nervoso vegetativo. Freqüentemente ocorre uma deficiência nessa complexa ação mecânica e a massa alimentar permanece mais tempo do que deveria em cada trecho, transtornando todo o “trânsito” digestivo. Esse fenômeno ocorre com os que praticam os maus hábitos de vida, dando maior peso aos de vida sedentária e que se alimentam mal (baixo consumo de vegetais crus e integrais). O cólon fica “preguiçoso”, dilatado e incapacitado de cumprir bem as suas funções.
A prisão de ventre favorece a putrefação intestinal, com inevitável formação de gases. O longo tempo de permanência dos excretos (toxinas, impurezas e venenos) nos intestinos provoca a reabsorção dos mesmos pelas suas paredes, ocasionando uma intoxicação mais grave, podendo chegar a diferentes níveis de alergias, doença e até à morte.
Um intestino preso pode provocar as seguintes perturbações: infecções das vias urinárias (atenção especial às candidíases de repetição), infecções renais, infecções intestinais, problemas glandulares (tireóide, mamas, ovários, etc.), dificuldades circulatórias, digestivas, cutâneas, nervosas e finalmente mentais.
Segundo o professor Arnold Ehret, criador de uma dieta baseada na ingestão exclusiva de frutas, a doença é entre outras coisas uma tentativa desesperada do organismo para se livrar dos seus lixos tóxicos. Ele realizou pesquisas fantásticas sobre o uso do jejum regular e percebeu surpreso que as pessoas que permaneciam 20 dias sem ingerir qualquer alimento ainda expeliam fezes. Ele afirma que “o indivíduo de porte médio tem ao redor de 4-5 quilos de fezes sem eliminar, que envenenam continuamente sua circulação sangüínea, portanto, todo o organismo”.
O propósito de uma vida saudável (em todos os níveis de consciência) é ser cúmplice da sua harmonia metabólica: nutrir sadia e desintoxicação DIÁRIA. E é nos intestinos que tal fenômeno precisa acontecer de forma efetiva e rápida. No intestino delgado decide-se o que irá para a corrente sangüínea como nutrição e o que não passa pelo crivo deste sistema de seleção irá seguir seu caminho para o intestino grosso e posterior excreção na forma de fezes.
Na verdade, o intestino delgado é considerado pela Medicina Tradicional Chinesa (MTC) como um cérebro, uma central de inteligência "orgânica", onde se decide o que irá perpetuar a vida e o que irá ser eliminado, aliviando o organismo destes excretos e toxinas. Este é o motivo pelo qual a MTC valoriza tanto o pleno funcionamento deste sistema excretor. Lembrando que os mesmos maus hábitos que intoxicam o fígado também causam dificuldades aos intestinos.
Metafisicamente falando, um intestino preso revela uma recusa em largar velhas idéias, crenças ou emoções. Apego ao passado. Pode revelar um medo de abandonar o conhecido em prol do desconhecido. Este "medo" é até natural, pois o novo costuma ser assustador, incerto. Entretanto, ele não pode paralisar um processo que é natural: o crescer, o evoluir, o transformar-se. E para crescer, como no caso da lagosta, precisamos abandonar as velhas cascas, por mais seguras que sejam, para permitir uma versão mais crescida, mais confortável do Ser.
Um intestino preso pode revelar também uma avareza para com a possibilidade de prosperidade e expansão da própria vida. Inclusive, é comum que pessoas que apresentam constipação crônica, tenham dificuldade de aprendizado e resistência para aceitar desafios.

Cuidados de bom senso:
- Praticar uma dieta rica (50% mínimo) em alimentos do reino vegetal crus, frescos, integrais, com elevado teor de fibras e substâncias antioxidantes, logicamente isentos de agrotóxicos.
- Praticar em jejum e intervalos das refeições principais os sucos da Alimentação Desintoxicante.
- Fazer uso de chás desintoxicantes. Consumir diariamente cerca de 6-8 copos de líquidos entre sucos, chás e água.
- Ao despertar, antes de levantar, aproveitar para massagear carinhosamente a face, as palmas das mãos e o ventre com movimentos circulares. Sente na cama e massageie as pernas e sola dos pés. Nestes 5-10 minutos acontecerá um "despertar" estimulante de todo o sistema hepático, digestório e excretor.
- Praticar caminhadas matinais diárias - 30 minutos ou até transpirar - para estimular a desintoxicação geral e os movimentos peristálticos e,
- Dar-se tempo para ir ao banheiro com calma todas as manhãs ao levantar-se. Aproveite, enquanto espera, para conversar com seus apegos e medos. Acalmá-los, com gratidão, diante da iminente despedida!

sábado, 5 de março de 2011

A Defumação e o Incenso


Introdução
Os antigos sábios eram muito cautelosos e minuciosos em relação aos rituais, na preparação do ambiente, dos elementos de concordância, do incenso e dos ingredientes apropriados que tenham relação com o astro que rege o dia, com os aromas que interfiram na nossa aura e com o meio ambiente em que vivemos. Os incensos, usados de maneira correta, criam uma atmosfera no ambiente, de energia, equilíbrio e harmonia, que ajuda o ser humano a sintonizar mais facilmente com os planos superiores.
Como ainda hoje acontece, em épocas passadas o incenso era usado para quatro finalidades:
1) Para Agradar aos Deuses: Acreditava-se que o cheiro agradável e aromático que o próprio homem sentia agradaria aos deuses ou à divindade. Vamos chamá-lo de função de oferenda do incenso.
2) Meio de Oração: O incenso era visto como um meio para a oração. Acreditava-se que a fumaça ascendente levaria aos deuses as petições daqueles que queimavam o incenso. Por causa de seu cheiro agradável acreditava-se que deveria ser um meio ao qual os deuses não podiam se fechar.
3) Meio de Neutralização: O incenso era queimado para mascarar ou neutralizar o mau cheiro oriundo de imolações (animais e outros materiais). Pela mesma razão também era usado nos funerais.
4) Meio de Influência Inter-Humana: O aroma e as vibrações do incenso sintonizam aquele que o queima com uma determinada finalidade ou dão um determinado estado de ânimo às diversas pessoas que se encontram no ambiente onde o incenso é queimado. O aroma e as vibrações despertam em todas as pessoas determinadas sensações e lembrança e sintonizam a psique e a mente com certos objetivos.

Uso da Defumação
O incenso tem a incumbência de levar a prece para o céu. Seu uso é universal, associando o homem à divindade, o finito ao infinito, o mortal ao imortal. Relacionado ao elemento ar, representa a percepção da consciência que ( no ar ) está presente em toda parte. Os diferentes perfumes desempenham um papel de purificação, facilitando a ancoragem.
Os incensos devem sempre ser acendidos com fósforos, por ser natural, nunca apagados com um sopro, para que não seja passado para ele as impurezas do nosso corpo. Quando sentir que o astral de sua casa está um pouco denso, ande com o incenso por todos os ambientes, chamando pelo nome do seu anjo, ou então repita a oração: "Cada casa tem um canto, cada canto tem um anjo. Em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, Amém."
Uma resina aromática extraída de determinadas árvores, cascas, condimentos, folhas, flores, frutos...é denominada incenso.
O resultado destas defumações de ambientes tem um significado mágico-religioso que e adotado desde tempos remotos, pelos povos orientais como os chineses, tibetanos, indianos e notadamente no Egito. Ao queimarmos incensos estamos ativando o plano mental-intelectual que se manifestam no poder dos elementais do ar, e intensificando o fluxo de comunicação com o universo e com as pessoas.
*Importante* - O ritual de queimar incenso não deve ser corriqueiro, principalmente quando envolve pedidos de dinheiro e proteção. Mas se desejar usá-los com freqüência tenha o cuidado de escolher aqueles de características calmantes ou espirituais.

OS ELEMENTOS DA DEFUMAÇÃO
O incenso feito em casa, via de regra, terá forma de granulado e, por isso, não pode ser queimado da mesma maneira como, por exemplo, os tabletes que queimam sobre um prato ou uma base de pedra.
Em príncipio, basta uma simples tigela ou recipiente metálico para queimar esse tipo de incenso (granulado), desde que tome as medidas necessárias para se evitar um calor excessivo e possivelmente um incêndio. Nesse caso, recomendamos o uso de um turíbulo.
TURÍBULO é o recipiente de metal usado para queimar o incenso.
Os turíbulos podem ser feitos de cobre, aço, ferro ou mesmo alumínio. Todos funcionam perfeitamente e são excelentes matérias primas. Para queimar as ervas usa-se normalmente os carvões vegetais, outros podem ainda usar areia. Lembrando sempre que o carvão vegetal deve estar em brasa e nunca em chamas.
Quando se observa atentamente alguém defumando num turíbulo, notará que essa pessoa levanta e abaixa a tampa do recipiente com movimentos rítmicos para manter acesso o carvão vegetal. Dessa maneira, o oxigênio do recipiente é renovado constantemente.
A quantidade de incenso que queira queimar deve ser proporcional ao tamanho da sala e ao número de pessoas presentes. Para isso somente através da experimentação que irá descobrir a quantidade certa. No caso da defumação, é melhor pecar pela escassez, pois assim poderá ir adicionando um pouco mais conforme a fumaça for diminuindo, do que acrescentar e sufocar pelo excesso (e isso pode ser até perigoso).

AS ERVAS
Pode-se usar as ervas em sua forma natural, em pó ou em pequenos pedaços moídos, em forma de casca miúda, etc. Para se queimar essas ervas, usa-se normalmente um recipiente chamado turíbulo.
 Benjoim : obtido a partir de incisões feitas no caule da estoraque, sendo a resina o resultado desses cortes. São plantas nativas, e cultivadas em Sumatra e Sião. Têm grande afinidade com o ébano. Visto que o benjoim e o Líbano são os principais. Elimina bloqueios espirituais. Para pedidos de ajuda a Deus.
 Alecrim: É comum ser usado para afastar maus espíritos e ladrões.Oferece também proteção na área profissional além de ajudar na recuperação e no tratamento de doenças. Estimulante para quem tem dificuldade de memorização, traz felicidade e justiça.
 Alfazema: Reativa alegria, alivia dores de cabeça e depressão.
 Arruda: Afasta influências negativas, intensifica a força de vontade auxiliando a pessoa que a usa a realizar seus desejos, sejam quais forem.
 Café: Use o moído, não o instantâneo.Contra entidades negativas, inclusive espírito dos mortos. Elimina formas pesadas de pensamentos e pesadelos. Benéfica para doentes em recuperação.
 Canela: Usado em purificação energética de ambientes, protegendo do "olho-gordo", inveja e outras perturbações, usada para atrair prosperidade. Também pode ser usada pura , uma pitadinha sobre o peito, no osso esterno, ou misturada com talco(2x) com meia colher de chá de canela.
 Casca de alho: Usado para eliminar formas negativas de pensamentos obsessivos. Quando termina-se um relacionamento amoroso pode-se defumar a casa uma vez por semana durante um mês para que o sentimento de perda não se transforme em depressão.
 Cravo da Índia: Protege de pessoas mal intencionadas, pensamentos negativos subconscientes. É uma das mais poderosas defumações protetoras.:
 Dama da Noite: É o incenso do amor. Ajuda a encontrar pessoas com a mesma afinidade. Quando quiser abrir o canal do emocional, basta ofertá-lo à VENUS, deusa do amor.
 Flor de Laranjeira: Afasta o pânico. Aumenta a segurança e autoconfiança em assuntos emocionais e financeiros.
 Flor de Pitanga: Atua poderosamente na área financeira. Direciona aquisições materiais e negociações com êxito.
 Gerânio: Força e vitalidade, calmante e harmonizante. Alivia tensão nervosa.
 Hortelã: Bom para problemas de saúde e equilíbrio emocional. Estimula apetite.
 Jasmim: Afrodisíaco, calmante no processo espiritual para uso gerador. Acalma e ajuda a evitar brigas e desentendimentos, aclara as idéias.
 Lótus: Anti-depressivo, usado no trabalho de resgate do equilíbrio de energias, calma e paciência.
 Madeira: Estimula a razão. Aumenta a concentração necessária ao trabalho, estudo e meditação.
 Menta: Melhora o estado de atenção, indicado para dores de cabeça, mas se for usado em demasia pode alterar o sono.
 Mirra: Aumenta a consciência, acalma os medos relativos ao futuro. Indicado em terapia de regressão de vidas passadas. Poderoso no equilíbrio das funções do corpo, balanceando o físico e o espiritual.
 Orquídea: Devido ao seu aroma exótico é indicado para momentos íntimos. Aguça a paixão entre o casal.
 Patchuli: Cura a apatia, estimulante e sedutor. Diminui a confusão e indecisão.Aguça a inteligência.
 Sésamo: Ajuda a atrair amigos, clientes e dinheiro. Estimula a criatividade e alegria.
 Verbena: Afasta a tristeza, negatividade e melancolia, libera de energias negativas trazendo criatividade, desenvoltura, alegria e bom astral.
 Vétiver: Aliado para meditação, inspirador e calmante.

O dia da criação - Vinicius de Morais



Macho e fêmea os criou.
Gênese, 1, 27

I
Hoje é sábado, amanhã é domingo
A vida vem em ondas, como o mar
Os bondes andam em cima dos trilhos
E Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na cruz para nos salvar.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Não há nada como o tempo para passar
Foi muita bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo
Mas por via das dúvidas livrai-nos meu Deus de todo mal.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Amanhã não gosta de ver ninguém bem
Hoje é que é o dia do presente
O dia é sábado.

Impossível fugir a essa dura realidade
Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios
Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas
Todos os maridos estão funcionando regularmente
Todas as mulheres estão atentas
Porque hoje é sábado.

II

Neste momento há um casamento
Porque hoje é sábado
Hoje há um divórcio e um violamento
Porque hoje é sábado
Há um rico que se mata
Porque hoje é sábado
Há um incesto e uma regata
Porque hoje é sábado
Há um espetáculo de gala
Porque hoje é sábado
Há uma mulher que apanha e cala
Porque hoje é sábado
Há um renovar-se de esperanças
Porque hoje é sábado
Há uma profunda discordância
Porque hoje é sábado
Há um sedutor que tomba morto
Porque hoje é sábado
Há um grande espírito-de-porco
Porque hoje é sábado
Há uma mulher que vira homem
Porque hoje é sábado
Há criançinhas que não comem
Porque hoje é sábado
Há um piquenique de políticos
Porque hoje é sábado
Há um grande acréscimo de sífilis
Porque hoje é sábado
Há um ariano e uma mulata
Porque hoje é sábado
Há uma tensão inusitada
Porque hoje é sábado
Há adolescências seminuas
Porque hoje é sábado
Há um vampiro pelas ruas
Porque hoje é sábado
Há um grande aumento no consumo
Porque hoje é sábado
Há um noivo louco de ciúmes
Porque hoje é sábado
Há um garden-party na cadeia
Porque hoje é sábado
Há uma impassível lua cheia
Porque hoje é sábado
Há damas de todas as classes
Porque hoje é sábado
Umas difíceis, outras fáceis
Porque hoje é sábado
Há um beber e um dar sem conta
Porque hoje é sábado
Há uma infeliz que vai de tonta
Porque hoje é sábado
Há um padre passeando à paisana
Porque hoje é sábado
Há um frenesi de dar banana
Porque hoje é sábado
Há a sensação angustiante
Porque hoje é sábado
De uma mulher dentro de um homem
Porque hoje é sábado
Há uma comemoração fantástica
Porque hoje é sábado
Da primeira cirurgia plástica
Porque hoje é sábado
E dando os trâmites por findos
Porque hoje é sábado
Há a perspectiva do domingo
Porque hoje é sábado

III

Por todas essas razões deverias ter sido riscado do Livro das Origens,
ó Sexto Dia da Criação.
De fato, depois da Ouverture do Fiat e da divisão de luzes e trevas
E depois, da separação das águas, e depois, da fecundação da terra
E depois, da gênese dos peixes e das aves e dos animais da terra
Melhor fora que o Senhor das Esferas tivesse descansado.
Na verdade, o homem não era necessário
Nem tu, mulher, ser vegetal, dona do abismo, que queres como
as plantas, imovelmente e nunca saciada
Tu que carregas no meio de ti o vórtice supremo da paixão.
Mal procedeu o Senhor em não descansar durante os dois últimos dias
Trinta séculos lutou a humanidade pela semana inglesa
Descansasse o Senhor e simplesmente não existiríamos
Seríamos talvez pólos infinitamente pequenos de partículas cósmicas
em queda invisível na terra.
Não viveríamos da degola dos animais e da asfixia dos peixes
Não seríamos paridos em dor nem suaríamos o pão nosso de cada dia
Não sofreríamos males de amor nem desejaríamos a mulher do próximo
Não teríamos escola, serviço militar, casamento civil, imposto sobre a renda
e missa de sétimo dia.
Seria a indizível beleza e harmonia do plano verde das terras e das
águas em núpcias
A paz e o poder maior das plantas e dos astros em colóquio
A pureza maior do instinto dos peixes, das aves e dos animais em [cópula.
Ao revés, precisamos ser lógicos, freqüentemente dogmáticos
Precisamos encarar o problema das colocações morais e estéticas
Ser sociais, cultivar hábitos, rir sem vontade e até praticar amor sem vontade
Tudo isso porque o Senhor cismou em não descansar no Sexto Dia e [sim no Sétimo
E para não ficar com as vastas mãos abanando
Resolveu fazer o homem à sua imagem e semelhança
Possivelmente, isto é, muito provavelmente
Porque era sábado.

Dicas para vencer a timidez

Lembre-se, também, que timidez é orgulho.

1. Domine a ansiedade
Tente aprender a relaxar, utilizando-se de técnicas simples de respiração que envolvem a inspiração e expiração lenta e profunda. Outra dica é acostumar-se aos ambientes, observando cada detalhe e passeando pelo local, ao invés de permanecer “congelado” em algum ponto obscuro da sala. Dessa forma você poderá distrair sua mente e evitar, ao menos por instantes, aquela sucessão de pensamentos que o impedirão de relacionar-se com os outros.

2. Enfrente situações temidas
Nada melhor que um sucesso para levar a outro sucesso. Mas como diz o ditado, “quem não arrisca não petisca”. Procure a exposição lenta e gradual às situações que geram ansiedade, analisando friamente o seu desempenho e congratulando-se pelos sucessos com o mesmo rigor que se pune pelos fracassos.

3. Olho no olho
Procure conversar com o maior número de pessoas possível, e não apenas com aquelas que lhe interessam. Dessa forma, poderá experimentar diversas reações e trabalhar o medo de rejeição - ouvir um não do vendedor de pipoca da esquina não é tão ruim assim - ou é? Ao estabelecer a comunicação procure manter o contato visual e prestar atenção ao que a outra pessoa insere na conversa.

4. Aprenda a receber e fazer elogios
Comece uma conversa com elogios simples do tipo “Que roupa bonita você está usando” ou “Você é uma vendedora muito atenciosa”. Poucos resistem a um bom elogio. Aprenda também a receber elogios, evitando justificativas do tipo “Imagine, é apenas impressão sua” ou “Você diz isso só porque é meu amigo”.

5. Pare de esperar o pior
Pensamentos negativos somente atraem conseqüências negativas, e fazem com que o tímido já entre derrotado em todas as situações. Procure policiar os pensamentos “pré-situação”, durante a situação e “pós-situação”, e tente lembrar-se das vezes em que esperou o pior e “não foi tão ruim assim”. Coloque pequenos desafios e teste os resultados comparando-os com a expectativa anterior. Se necessário, faça anotações para que possa compará-las com calma mais tarde.

6. Seja menos perfeccionista
Pare de esperar que suas piadas sejam “super-engraçadas”, suas colocações geniais e sua presença seja marcante. Pessoas que se levam muito a sério correm maior risco de “cair do cavalo”. Ofereça o pacote “as is” para as pessoas que o conhecem, ou seja, você com as qualidades e defeitos que lhe são peculiares. Assim fará amizades mais autênticas e não precisará fazer força para “parecer o que não é”.

7. Aprenda a ser rejeitado
Não dá para agradar a todos, ninguém jamais conseguiu esta proeza. Procure trabalhar este medo exagerado de rejeição. Assim como você reserva-se o direito de escolher com que anda, permita que os outros também o façam. Pegue um lápis e um papel e anote quantas vezes foi rejeitado e quantas foi aceito, na amizade ou no amor, e perceba que haverá um certo equilíbrio, contrariando suas crenças.

8. Encontre seu próprio estilo
Muitos tímidos tentam basear-se em modelos para melhorar o seu jeito de ser. Invariavelmente esta técnica não funciona. Não conseguimos “vestir uma roupa” que foi desenhada para outro sujeito. Procure explorar suas qualidades, desenvolvendo um estilo próprio que certamente atrairá a atenção das pessoas. Se suas piadas não têm graça, assuma este fato e explore esta “qualidade”.
A maioria dos habitantes deste planeta prefere mil vezes uma pessoa autêntica do que um batalhão de pessoas falsas e sem conteúdo.

9. Coloque a atenção no mundo externo
Tímidos são autocentrados e acreditam que o mundo todo está atento às suas peripécias. Esquecem-se, no entanto, que os outros estão mais preocupados consigo mesmos do que com o seu jeito de falar ou andar. Procure prestar atenção a tudo que o rodeia, quebrando esta característica e desenvolvendo sua capacidade de interação com o meio. Aprimore seus sentidos, escute com atenção, enxergue com os olhos de uma águia, desfrute os sabores e sinta os odores em cada esquina. Desta forma, não haverá espaço para elucubrações e pensamentos negativos que o impediriam de atuar positivamente em relação aos outros.

10. Desidealize as pessoas que o inibem
John Lennon dizia sabiamente que “na hora de fazer necessidades, todos os homens são iguais”. Se alguém gera muita insegurança em você, tente “desidealizá-la”, enxergando os seus erros com o mesmo rigor que geralmente interpreta os seus.

A FÁBULA-MITO DO CUIDADO - (Fábula de Higino)

"Certo dia, ao atravessar um rio, Cuidado viu um pedaço de barro. Logo teve uma idéia inspirada. Tomou um pouco de barro e começou a dar-lhe forma. Enquanto contemplava o que havia feito, apareceu Júpiter.
Cuidado pediu-lhe que soprasse espírito nele. O que Júpiter fez de bom grado.
Quando, porém Cuidado quis dar um nome à criatura que havia moldado, Júpiter o proibiu. Exigiu que fosse imposto o seu nome.
Enquanto Júpiter e o Cuidado discutiam, surgiu, de repente, a Terra. Quis também ela conferir o seu nome à criatura, pois fora feita de barro, material do corpo da terra. Originou-se então uma discussão generalizada.
De comum acordo pediram a Saturno que funcionasse como árbitro. Este tomou a seguinte decisão que pareceu justa:
"Você, Júpiter, deu-lhe o espírito; receberá, pois, de volta este espírito por ocasião da morte dessa criatura. Você, Terra, deu-lhe o corpo; receberá, portanto, também de volta o seu corpo quando essa criatura morrer. Mas como você, Cuidado, foi quem, por primeiro, moldou a criatura, ficará sob seus cuidados enquanto ela viver. E uma vez que entre vocês há acalorada discussão acerca do nome, decido eu: esta criatura será chamada Homem, isto é, feita de húmus, que significa terra fértil".

São quatro os personagens deste mito: Júpiter, Saturno, Terra e Cuidado. Na mitologia, Júpiter: é o deus-rei de todos os deuses; Saturno: é pai de Júpiter, era o deus do Tempo, da Abundância e da Igualdade entre os homens; Terra: a deusa-mãe, era a mãe de Júpiter e de vários outros deuses, representava as origens, a força de vida original no mundo; e Cuidado: era uma entidade comum—não era uma deusa nem semideusa.

Higino: escravo egípcio de César Augusto, depois diretor da Biblioteca Palatina em Roma e autor da fábula-mito do Cuidado essencial. O grande poeta Ovídio (43AC a 17DC) era seu amigo intimo. O próprio Virgilio (70AC a 19DC), considerado maior poeta latino foi seu aluno. Morreu no ano 10 de nossa era.

O cuidado é tão importante para a vida humana e para a preservação de todo tipo de vida, que deu origem a uma fabula-mito. Foi personalizado, virou um ser concreto. Como tal, o Cuidado molda a argila. Conversa com o céu (Júpiter) e a Terra (telus), a historia e a utopia(saturno) .
Ela recolhe ainda uma experiência testemunhada em muitas culturas do ocidente e do oriente: a criação do ser humano a partir do barro da terra, plasmada a partir do húmus, que significa terra fértil. De húmus deriva seu nome: homem, filho e filha da terra fecunda (húmus), como o relato bem diz. Algo semelhante sinalizam os dois primeiros capítulos do gênese: adão é feito do barro da terra. A palavra hebraica para terra é ADAMAH. De ADAMAH vem adan que significa o filho e a filha da terra.
O ser humano não pode ser interpretado apenas a partir da Terra (Tellus). Ele possui algo do céu, do divino (Júpiter). Por isso o relato conta que esse barro não permaneceu inerte. Recebeu da divindade o principio de vida, o espírito. Só, então, é ser humano completo. É Júpiter a divindade suprema, que lhe infunde espiritualidade.

O CUIDADO COMO UM MODO DE SER ESSENCIAL:

Do ponto de vista existencial, o cuidado se acha a priori, antes de toda atitude e situação do ser humano, o que sempre significa dizer que ele se acha em toda atitude e situação de fato. Quer dizer, o cuidado se encontra na ríz primeira do ser humano, antes que ele faça qualquer coisa. E, se fizer, ela sempre vem acompanhada de cuidado e imbuída de cuidado. Significa reconhecer o cuidado como um modo-de-ser-essencial, sempre presente e irredutível à outra realidade anterior. É uma dimensão fontal, originária, ontológica, impossível de ser totalmente desvirtuada.
Um modo-de-ser não é um novo ser. É uma maneira do próprio ser de estruturar-se e dar-se a conhecer. O cuidado entra na natureza e na constituição do ser humano. O modo-de-ser cuidado revela de maneira concreta como é o ser humano.

Cuidar das coisas implica ter intimidade, senti-las dentro, acolhê-las, respeitá-las, dar-lhes sossego e repouso Cuidar é entrar em sintonia com, auscultar-lhes o ritmo e afinar-se com ele. A razão analítico-instrumental abre caminho para a razão cordial, a gentileza e o espírito de finesse, o espírito de delicadeza, o sentimento profundo. A centralidade não é mais ocupada pelo logos razão, mas pelo pathos sentimento.

Este modo de ser-no-mundo, na forma de cuidado, permite ao ser humano viver a forma fundamental do valor, daquilo que tem importância e definitivamente conta. Não do valor utilitarista, só para o seu uso, mas do valor intrínseco às coisas. A partir desse valor substantivo emerge a dimensão de alteridade, de respeito, de sacralidade, de reciprocidade e de complementaridade.

Todos nos sentimos ligados e religados uns com os outros, formando um todo orgânico único, diverso e sempre includente. Esse todo remete a um derradeiro elo que tudo religa, sustenta e dinamiza. Irrompe como Valor supremo que em tudo se vela e se revela.
Esse Valor supremo tem o caráter de Mistério, no sentido de sempre se anunciar e ao mesmo tempo se recolher. Esse Mistério não mete medo, fascina e atrai como um sol. Deixa-se experimentar como um grande Útero acolhedor que nos realiza supremamente. É chamado também Deus.